Pov Emanuelly
Ainda eram 07hrs quando o barulho irritante do meu celular começou a soar pelo quarto me despertando indesejavelmente. Ainda de olhos fechados passei a mão na cabeceira da cama em busca do aparelho que tocava quase desesperadamente, nem ao menos olhei de quem se tratava aquela ligação, conhecendo bem a minha família eu já conseguia imaginar.
– O que você quer Alex?
– Você como sempre adora me colocar em uma confusão. Consegue imaginar o quanto é difícil dobrar o seu querido avô?
– Eu cheguei de viagem ontem à tarde, precisava descansar antes de encarar o histerismo do velho Santoro.
– Emanuelly, em meia hora esteja pronta para o café da manhã em família, não sei por quanto tempo mais conseguirei mantê-lo calmo com sua falta de notícias.
Despertei-me por completo bufando de raiva por saber que em poucos minutos estaria diante de todos os membros da tradicional e poderosa família Santoro. Apesar de ser a primogênita eu não me orgulhava nem um pouco do sobrenome que carregava, afinal naquela família era tudo aparência, no fim o que sempre prevalecia era dinheiro e poder, porém eu sabia que não poderia simplesmente renegar o sobrenome que tinha, para onde quer que eu fosse sempre seria reconhecida por ele. Isso significava que muitas portas seriam facilmente abertas, tapetes vermelhos estendidos, regalias estariam à disposição a todo momento e em qualquer lugar do mundo, mas tudo tem seu preço e se tem uma coisa que os Santoro sempre ensinaram é que a família pode até ter suas rivalidades, mas isso não pode sobressair a ponto de existir traição entre nós. Lá fora sempre existirá alguém que nos odiará ainda mais e nós só temos uns aos outros para nos honrar e defender acima de tudo e de todos, ou seja, por mais que eu odiasse a realidade eu sempre seria uma deles.
– Tudo bem Alex, esteja aqui em meia hora para me buscar.
Despedi-me de Alexsandra e finalizei a ligação me rendendo ao fato que precisaria estar de volta à mansão onde meu pai, meu avô e meus irmãos moravam. Claro que lá também era considerada como minha casa, mas sem que eles soubessem eu tinha minha própria cobertura em um dos mais luxuosos condomínios da cidade, lugar que servia como meu refúgio particular quando eu simplesmente queria sumir da loucura que era aquela mansão. A única pessoa que sabia onde o mesmo era localizado era Alexsandra que ocupava o papel de minha melhor amiga e segurança particular e por isso tinha passe livre para está ali quando quisesse.
Conheci Alex algum tempo em uma boate que eu costumava frequentar quase que diariamente, ela fazia a segurança do lugar e logo me chamou atenção, passei a observá-la com mais interesse, na época eu estava começando a entrar no mundo dos negócios da família, mas recusei-me a ter como seguranças os homens que meu avô queria escolher para mim. Acatar aquele capricho de Dom Germano significaria muito mais que mostrar estar sempre disponível às suas ordens, significaria também que ele teria domínio sobre todos os meus passos e definitivamente eu não seria igual a Edgar, meu irmão. A princípio não foi nada fácil me aproximar de Alexsandra, ela sempre teve um gênio de cão e não costumava confiar em qualquer um que mostrasse interesse nela, mas desde a primeira vez que a vi enfrentando um dos maiores traficantes da região sul do Rio de Janeiro eu tive certeza, era dela que eu precisava e lutaria para tê-la ao meu lado. Contratei um detetive para investigar toda a vida de Alex e foi quando descobri que aquela mulher forte e destemida passou toda a vida em um orfanato do Rio, mas atendada do jeito que era costumava dá trabalho para as supervisoras do local, até que um dia com seus 16 anos ela simplesmente conseguiu fugir do local. O problema é que assim como muitos jovens nesse país Alex ficou sem rumo, ninguém dava uma oportunidade de emprego para alguém que sequer possuía identidade e logo ela se viu em um caminho sem volta, ela precisava roubar para sobreviver nas ruas frias e perigosas. No geral eram roubos em supermercados ou farmácia, nunca de dinheiro, mas de utensílios para satisfazer suas necessidades pessoais, até que o dia foi pega e levada para o centro onde ficou até alcançar sua maior idade. O fato é que com muito custo consegui me aproximar da mulher geniosa e consegui convencê-la a aceitar trabalhar para mim, afinal eu oferecia o triplo do que ela ganhava naquela boate. A proposta não foi recusada, mas a confiança de ambas as partes só veio com o tempo onde percebi que tinha ganhado uma segunda irmã na minha vida. Hoje Alexsandra não era apenas a comandante da minha equipe de seguranças, mas também parte de mim.
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O jogo do amor
RomanceUma família tradicional comandada pelo o poderoso Germano Santoro, homem frio, sério e tem quem diga que é também sem escrúpulos algum quando todo seu império está em xeque. Todos os membros da família Santoro, vivem seus dias sob ensinamentos rígi...