O jogo do amor

Capítulo 9 - Reencontrando

Pov Melissa

Seguimos para a mansão da família de Emanuelly, o ambiente estava ainda mais silencioso do que o costume, o que me fez recordar que Lara e Edgar a essa altura já teriam viajado em lua de mel que duraria um mês.

– Essa é de fato uma linda casa. Lamentável que seja um pouco sem vida. – Deixei escapar por impulso.

– Já foi muito movimentada quando as senhoras da casa eram vivas. Odete Santoro e Madalena, sua nora, eram o tipo de socialite que adoravam promover eventos comemorativos e encontros entre as damas da sociedade carioca.

– Estranho a forma como se refere a elas.

O carro foi estacionado diante da entrada, mas continuamos ali dentro conversando sem pressa. Confesso que conhecer um pouco mais de Emanuelly estava sendo interessante já que ela era sempre seriamente misteriosa.

– Existem muitas coisas que você não sabe sobre nós, mas aqui vai uma informação sobre mim... – Seus olhos encontraram os meus. – Digamos que eu sou fruto de um desejo proibido. Não teve contato algum com minha avó, quando vim morar nessa casa ela já não estava mais aqui.

– Desejo proibido? – Perguntei com curiosidade.

– Eu não sou filha legitima de Albert com Madalena. Minha mãe era empregada da família e ao que me consta Albert sempre a amou, mas a tradição da família era digna de realiza, ou seja, os casamentos sempre deviam ser realizados com pessoas que fossem socialmente do mesmo nível. Em resumo, para todos meu pai e minha mãe eram estranhos de mundos diferentes, Albert foi o primeiro Santoro a quebrar a tradição ao se ver apaixonado por uma mulher de classe social inferior. Mas Odete, sua mãe, não permitiu que aquele caso fosse adiante, logo ele casou-se com Madalena e viveram cada dia das suas vidas de aparência e inferno. Apesar de casado meu pai não abandonou minha mãe, ao contrário, transformou a vida dela e a fez sua verdadeira rainha, daí eu nasci, o que enlouqueceu Madalena já que até então ela não tinha dado nenhum herdeiro a Albert, logo depois veio Edgar e por fim Dominique.

– E sua mãe onde está? – A curiosidade havia sido aguçada em meu interior.

– Parece que a morte é algo que persiste rodear as damas dessa família. Tanto Odete quanto Madalena e minha mãe morreram quando nós três ainda éramos crianças. Odete foi a primeira que se foi drasticamente em um acidente de carro, em seguida foi minha mãe que por coincidência também morreu em um acidente semelhante com o de Odete, o que acabou acarretando em Albert e Germano me agregando oficialmente como membro da família. Claro que isso não deixou Madalena nem um pouco satisfeita, mas na frente dos dois ela sabia manter as aparências de uma madrasta dedicada, por fim quando tudo parecia estar bem e finalmente a família teria o lugar de rainha ocupado por uma única mulher, Madalena adoeceu e não resistiu.

– Nossa, eu realmente não imaginava que a vida de vocês fosse tão... Movimentada, digamos assim. – Me perdi em pensamentos por alguns instantes e só então percebi uma coisa... – E devo dizer que vocês parecem gostar do que é proibido.

– Por que diz isso?

– Nada! Ei, espera... Se eles são tão tradicionais assim, como aceitaram de bom grado o romance entre Edgar e Lara? Não sei se você sabe, mas nossa família é tudo, menos semelhante à realeza.

– Lara... – Emanuelly fitou o nada e parecia saborear as letras que formavam o nome da minha prima. – Lara é realmente uma mulher diferenciada, capaz de conquistar a quem quiser, mas Edgar é um frouxo, aquela pose de marrento... Seria patético se não fosse cômico. Eu já conhecia Lara há algum tempo, mas só descobri do envolvimento dos dois um pouco mais tarde.