Pov Emanuelly
Era impossível não sentir meu sangue ferver depois de tudo o que ouvi daquele homem. A frieza com que cada palavra foi dita ao relatar as mortes da minha mãe e avó, o brilho no olhar ao se sentir vitorioso por expor a paternidade que ele afirma ter sobre Dominique... Pobre Nick, como estaria se sentindo ao descobrir essa realidade? Aquilo tudo era motivo suficiente para que eu mesma arrancasse daquele maldito o último suspiro, mas nada se comparava à realidade de Melissa e Lara que aquela altura pagavam por algo que não deviam.
Não sei por quantas vezes deixei minha raiva falar mais alto, a única coisa que sabia era que precisava sentir minha mão arder ao tocar o rosto cansado daquele cretino e assim fiz. O estapeei como se aquilo fosse capaz de lavar minha alma de todo o ódio que nutri durante todo esse tempo, mas quando me senti cansada uma dúvida chegou ao meu consciente: Qual destino seria dado para aquele miserável? Eu tinha certeza que meu pai e avô já tinham determinado seu fim e da sua irmã, mas apesar de todo ódio que sentia em meu coração uma voz dentro de mim dizia que matá-lo não nos tornaria tão diferente dele, aliás, toda a tortura que ele e sua irmã já tinham sofrido ali pelas mãos de Albert não o tornaria diferente e constatar essa realidade me inquietava, me perturbava.
Olhei para Edgar e vi ódio em seus olhos, eu tinha certeza que se dependesse do meu irmão ele mataria aquele homem a sua frente sem pensar duas vezes, mas precisei convencê-lo a pensar em Lara, naquele instante tudo o que sua esposa não precisava era descobrir que tinha um marido assassino.
Sentada ali diante daquele monstro desfigurado que mesmo diante do que aparentava ser o seu fim não demonstrava arrependimento, passei a viver meu próprio dilema. A sede por vingança atormentava minha alma, recordar dos dias que chorei por não ter minha mãe ao meu lado ou simplesmente por não poder ouvir mais sua voz alimentava a certeza que ele merecia morrer, mas o coração inquieto me fazia refletir como eu me sentiria ao deitar a cabeça no travesseiro todas as noites e recordar que tinha sangue em minhas mãos. Minha mãe desejaria isso? Melissa se orgulharia de mim? Eu viveria em paz?
Sim, é muito difícil chegar a uma conclusão quando os dois pesos são indefinidos. De um lado eu tinha a certeza dos dias felizes que não vivi ao lado de alguém que significava o mundo para mim, do outro eu tinha a certeza dos dias que gostaria de viver ao lado daquela que me trouxe sentido para a vida, que me fez reconhecer caminhos jamais imagináveis antes. Ali naquele momento de decisão eu tive a certeza que queria ser uma pessoa melhor do que acreditei que pudesse ser um dia, eu queria orgulhar Melissa e tê-la ao meu lado sem que nada fosse um obstáculo para nossa felicidade. Eu queria segurar nas mãos de Melissa e caminhar ao seu lado por um caminho de paz e plenitude onde o passado não fosse constantemente uma mancha em meu presente. Escolher matá-lo seria fácil, difícil seria conviver com seu fantasma.
– Então Ema, o que está esperando para nos deixar pôr um fim nessa história?
A impaciência de Dom Germano dava-se ao fato de que impedi Albert de colocar aquele maldito na cruz que tinha ao lado da mulher coberta por sangue. A ideia de queimá-los vivos lado a lado era horrenda e confesso que me embrulhou o estômago saber que meu pai e avô seriam capazes de algo tão cruel, mesmo que estivéssemos tratando de pessoas cruéis como aqueles dois.
– Não vamos matá-lo.
Determinei recebendo em troca olhares indignados dos três homens a minha frente.
– O quê?! – Edgar berrou. – Você ficou louca? Esse desgraçado acabou com nossas vidas. Sua namorada está no hospital nesse momento por culpa dele, aliás, devo lembrar que ele desejou matá-la. Minha mulher, Emanuelly...
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O jogo do amor
RomansaUma família tradicional comandada pelo o poderoso Germano Santoro, homem frio, sério e tem quem diga que é também sem escrúpulos algum quando todo seu império está em xeque. Todos os membros da família Santoro, vivem seus dias sob ensinamentos rígi...