O jogo do amor

Capítulo 33 - Despertando a fera

Pov Melissa

Depois que saímos da casa da família de Emanuelly percebi que ela estava diferente, tensa eu diria, mas minha atenção foi momentaneamente desviada desde o momento que Ema me contou o que de fato estava por trás de tudo aquilo... Uma forte ameaça contra a vida da minha prima. Obviamente eu não pude deixar de sentir o peso da preocupação invadir meu coração, sob nenhuma hipótese eu conseguia imaginar algo de ruim acontecendo a Lara. Se antes eu detestava toda a realidade em volta do mundo de Ema, naquele instante eu só conseguia rezar a Deus para que ela e sua família conseguissem proteger minha prima, ela não merecia pagar por um erro de Edgar, aliás, esse é um dos lados mais injustos da vida criminosa, no fim quase nunca são os próprios devedores que pagam por suas dívidas, afinal é mais doloroso se vingar daqueles que são importantes para o devedor.

Antes de voltarmos para o apartamento de Emanuelly pedi para que passássemos na minha casa para que eu pudesse pegar algumas mudas de roupas e outras coisas pessoais, já que eu tinha prometido para Ema que estaria por perto para ajudá-la a cuidar de Alexsandra enquanto fosse preciso, se bem que Dominique não parecia muito disposta em deixar aquele lugar.

Peguei tudo o que precisava enquanto deixei uma Emanuelly quieta na sala a minha espera. Claro que eu estava estranhando seu comportamento, mas tratando-se de Ema sua mudança repentina de humor não era algo completamente impossível de acontecer com rotina. Ela afirmou que precisava fazer umas ligações e que faria isso enquanto eu estivesse ocupada.

Aproximei-me de Ema e encurtei a distância entre nós, mas não existiu uma abertura para que o beijo fosse aprofundado no instante que meus lábios encostaram-se aos seus. Nem de longe parecia a mesma Emanuelly que estava toda carinhosa enquanto estávamos na casa da sua família.

Retornei para a sala já com tudo o que precisava em mãos, mas me surpreendi quando vi Emanuelly concentrada no porta-retratos que tinha nas mãos. Não precisei chegar perto para saber que Ema estava olhando para uma foto minha e de Romênia que tiramos durante nossa lua de mel. Seu olhar estava tão perdido na foto que ela sequer notou minha presença ali a observando. Minha cabeça estava tentando desvendá-la, saber o que ela estava pensando ao olhar aquela foto, mas nada do que vinha em minha mente fazia sentido, não quando minha sanidade recordava que estávamos nos referindo a uma lembrança.

– Ema, algum problema? – Perguntei pacientemente, mas ela não virou-se.

– Nenhum. – Sua resposta não me deixava transparecer nenhum tipo de emoção. Vi quando ainda de costas Ema retirou o óculos que estava no topo da sua cabeça e virou-se já com ele em seu devido lugar impedindo-me de olhar em seus olhos. – Então, pegou tudo o que precisava?

A pergunta de Emanuelly foi feita sem que ela olhasse em minha direção, o que não mudava em nada já que o maldito óculos escuros me impedia de analisar seu olhar. Apenas a observei colocar o porta-retratos de volta em seu lugar.

– Sim, peguei tudo e nós já podemos ir.

– Então vamos. Já estou muito tempo longe da Alex, quero ver como está seu estado de saúde. – Ela foi em direção à porta sem esboçar nenhuma reação.

– Ema, espera. – Alcancei a tempo de segurar em sua mão e virá-la para mim antes da porta ser aberta. – O que está acontecendo? Desde que saímos da casa da sua família você está estranha. Me diz qual o problema?

Emanuelly suspirou pesado, ela parecia relutante, incomodada com algo, mas ainda assim permitiu que sua mão fosse de encontro ao meu rosto onde acariciou levemente.

– Não se preocupe com nada disso, Mel. Os dias apenas não estão sendo fáceis e minha cabeça está realmente cansada, mas logo tudo se resolve. – Seus lábios encontraram os meus em um selinho demorado, porém novamente nenhuma tentativa de aprofundar em um beijo ardente foi tomada. – Podemos ir agora?