Capítulo 2 - Aceitando os fatos

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Pov Emanuelly

Alguns dias já haviam se passado desde a grande notícia que Edgar e Lara haviam nos dados. Todos pareciam felizes com a noticia, mas como de costume enterrei toda a minha frustração no trabalho, que aliás nos últimos meses vinha apresentando muita confusão. Situações inexplicáveis vinham surgindo em nossos negócios, o velho Germano estava ficando enfurecido e não estava sendo fácil segurar o homem. Eu vinha pressionando meu pai para que tudo fosse solucionado o quanto antes, mas Albert não parecia estar encontrando saída, quem quer que fosse que estava conseguindo desviar nossa mercadoria conseguia fazer isso de maneira majestosa, e pior, parecia escolher as melhores.

A princípio, quando comecei a trabalhar na transportadora Santoro, imaginava que toda a riqueza da família vinha apenas da exportação de vinho e azeite, negócio cultivado por meu avô desde que ele herdou a empresa do seu pai. No entanto, com o passar dos anos a ingenuidade não era mais algo que me cabia bem, tão pouco meu pai e avô pareciam querer que coubesse, em uma conversa particular ambos chamaram a mim e Edgar e então detalharam de onde vinha a maior parte das nossas riquezas, que a propósito, herdaríamos com um tempo e por isso deveríamos aprender desde novos como conduzir todos os negócios. Dominique que na época ainda era nova não apresentava nenhuma aptidão para os negócios, então caberia a mim e Edgar conduzir todo aquele império um dia. A verdade é que a exportação de azeite e vinho era apenas uma camuflagem para a verdadeira fonte do poder e riqueza que tínhamos. A família Santoro era a maior contrabandista de pedras preciosas do Brasil, talvez essa fosse a principal razão para colecionarmos inimigos que variavam entre empresários, políticos, milicianos e mafiosos. Quando uma guerra era estabelecida não tinha jeito, no fim o derramamento de sangue era inevitável. Óbvio que de imediato fiquei chocada com a realidade que me cercava. Tudo aquilo seria errado, não é mesmo? Mas quando descobri a forma suja com a qual empresários e políticos lavavam dinheiro nesse país tirando dos mais necessitados, compreendi que não era errado roubar o governo, já que se nós não os roubássemos eles certamente nos roubariam. Em outras palavras, nossas mercadorias não era declarada no país, não tínhamos notas fiscais e com isso não pagávamos o tão valioso imposto ao governo.

– Com licença senhora... – Minha secretária falava acanhada. Minha fama naquele lugar era quase horrenda, isso porque apesar de respeitá-los eu jamais dei liberdade e confiança para qualquer funcionário. – Sua cunhada gostaria de entrar.

Estranhei a presença de Lara na empresa, normalmente minha cunhada jamais aparecia ali, isso porque Edgar certificou-se pessoalmente de manter a noiva longe de qualquer coisa que pudesse torná-la exposta aos nossos inimigos, todo cuidado era pouco. Infelizmente meus familiares aprenderam isso a custa de algo precioso, a vida da velha Odete Santoro mãe do meu pai que foi morta em uma explosão de carro. Para a mídia tudo não passou de um trágico acidente, mas para nós a realidade era outra, alguém havia posto uma bomba no carro de Odete, mais um acerto de contas teria sido realizado. Acerto esse que no passado Germano fez questão de revidar pessoalmente tirando a vida do homem que mandou instalar a bomba.

A surpresa maior não era pela presença de Lara ali na transportadora, mas por estar a minha procura. O que ela poderia ter de tão urgente para falar comigo que não pudesse esperar meu retorno a mansão?

– Mande-a entrar.

Ajeitei-me apressadamente e logo Lara estava entrando em minha sala, sempre bem arrumada e com um sorriso no rosto. Lara era naturalmente simpática, talvez por isso fosse a única da família a quem a grande mídia parecia render-se a seus encantos. Geralmente quando noticiavam qualquer coisa sobre Lara e Edgar o nome do meu irmão pouco surgia na matéria, as manchetes eram sempre descritas como "A futura senhora Santoro esbanja simpatia e mais uma vez confirma o motivo que a torna tão diferente dos demais membros da poderosa família do mundo empresarial". Eu particularmente não me importava com essas notas midiáticas, mas meu pai e avô ficavam enfurecidos, o que tornava tudo ainda mais divertido.

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