Capítulo 20 - O retorno

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Pov Emanuelly

Se alguns meses atrás alguém me dissesse que eu estaria vivendo dias calmos eu jamais acreditaria. Desde que decidi mudar a rota das mercadorias exportadas as coisas nos negócios finalmente estavam voltando ao eixo e mesmo até o momento não tendo conseguido recuperar o que nos foi roubado meu avô parecia satisfeito em saber que nenhuma situação surpresa teria nos pego desprevenidos. Claro que Nonato e sua família ainda estavam sendo mantidos sob minha proteção e seria assim até finalmente eu conseguir descobrir o que o tal russo tinha a ver com aqueles roubos e para isso estava contando com o total empenho de Alexsandra que vinha me trazendo informações satisfatórias.

Minha vida pessoal era uma bagunça, o que não era nenhuma novidade. Mas depois da conversa esclarecedora que tive com Melissa devo dizer que me sentia melhor ao saber que me permiti ser sincera com ela da forma que muitas vezes não era comigo mesma, mas isso não mudava em nada o desespero silencioso que estava sentindo por após um mês voltar a ficar diante do meu maior problema. Fui sincera com Melissa quando confessei sentir algo por ela, e mais sincera ainda quando lhe disse está disposta a ver aonde aquilo iria dá, mas não posso negar que o retorno de Lara me deixava inquieta, afinal aquele seria o momento que eu descobriria até que ponto uma seria o obstáculo da outra em meu coração.

– Eles chegaram!

Nem tinha notado quando Dominique entrou no meu quarto, estava tão perdida naquela varanda olhando para o céu escuro deixando meus pensamentos voarem até as estrelas como se de lá pudesse receber as respostas que tanto desejava. Acho que por alguma razão eu estava chegando ao meu limite daquela vida agitada, tudo o que eu mais desejava era paz de espirito e desde que Melissa entrou em minha vida passei a descobrir coisas que até então passavam despercebidas por mim, mas que trazia uma paz incrível. Tais como: Céu, estrelas, mar, flores... É, Melissa sempre me mostrava como podemos encontrar beleza, paz e felicidade nas pequenas coisas a nossa volta que normalmente não paramos para apreciá-las.

– Eu já vou descer. – Apesar de tudo estava calma ao falar. – Só eles chegaram?

Eu sabia que meu avô tinha mandado um motorista buscar Melissa já que meu pai fez questão de convidá-la para recepcionar a prima. A principiou isso me deixou apreensiva por não conseguir imaginar como eu reagiria tendo as duas diante de mim, mas por outro lado fiquei ansiosa para vê-la novamente.

– Você quer saber se Melissa chegou? – Dominique mordeu os próprios lábios, mas não demonstrava está debochando da situação. – Ainda não, mas acho que não demora a chegar. – Voltei o olhar para o mesmo lugar de antes. – Como você está? – A loira parou ao meu lado e só então percebi que ela também olhava na mesma direção que eu.

– Como eu deveria estar? Óbvio que estou bem.

Claro que a máscara que sempre usava para disfarçar minhas emoções e sentimentos novamente havia sido colocada, aliás, somente Melissa me via sem ela.

– É, minha mãe parecia está errada quando dizia que você jamais seria uma Santoro legitima.

Me surpreendi por ver minha irmã mencionar a mãe. Desde o falecimento de Madalena ela nunca fazia isso, de todos naquela casa sem dúvidas Dominique era a que mais havia sofrido a morte da mãe. Talvez por ainda ser tão nova e pela falta de assistência emocional, ela não foi capaz de compreender que pelo menos uma vez na vida nós sentiremos a dor dilacerante que a morte ocasiona. Eu já havia vivido aquela experiência quando minha mãe se foi de forma trágica e agora me sentia culpada por ter permitido a mágoa que sentia de Dominique não ter me deixado ajudá-la a superar aquela mesma dor que um dia eu vivi. Meu lado egoísta desejou ver minha irmã sofrendo e vivendo sozinha tudo o que também vivi, mas ao contrário de mim ela não soube passar pelo o momento e se perdeu na solidão. Sempre soube que talvez eu fosse a única ali naquela família capaz de compreendê-la tão bem, por isso também fui a única que nunca critiquei as besteiras que minha irmã fazia. Criticar não é ajudar, mas isso também não era ensinado ali naquela casa.

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