Capítulo 32 - Apenas viva

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Pov Dominique

– Você pode ir tomar café da manhã, eu fico com ela agora e qualquer coisa eu chamo por você. – Tentei soar educada quando falei para a loira de farmácia que não saia do lado de Alexsandra.

– Tem certeza, senhora? Desculpe, mas não me parece que saberia agir em uma situação de emergência.

Seus olhos caíam sobre meu corpo e não fazia a mínima questão de esconder a insegurança que sentia em deixar Alex sob meus cuidados. Não sei que tipo de imagem eu estava passando para aquela enfermeira abusada, mas de uma coisa eu tinha certeza, se aquela criatura não sumisse da minha frente em poucos segundos, eu perderia a paciência pela ousadia que teve. Acho que ela percebeu isso, pois diante do meu silêncio a enfermeira apenas saiu do quarto depois de verificar pela última vez o soro que estava injetado no braço de Alexsandra.

– Mas era só o que me faltava mesmo... Se me conhecesse bem aposto que não teria tamanho atrevimento. – Resmunguei quando me vi sozinha. Olhei para a cama onde Alex dormia tranquilamente. – E você hein? Mesmo ai deitada nessa cama consegue me tirar do sério. Não sei quem foi que te disse que tinha o direito de assustar todo mundo dessa maneira. O que tem de anã tem de desmiolada.

Sem pensar muito no que estava fazendo acariciei o rosto de Alex, aquela era a primeira vez que de fato me via tão próxima dela podendo observar todos seus traços sem temer sua reação. Realmente Alex era linda, e agora naquela cama estava longe de parecer ser a carrasca que fazia questão de demonstrar ser.

Quando Emanuelly surgiu apresentando Alexsandra como sua fiel escudeira eu estava vivendo uma das piores fases da minha vida, minha mãe tinha acabado de falecer e eu me vi sozinha entrando na fase da juventude, porém ainda com o coração de uma criança carente pela falta de atenção da família. Pela falta de cuidado e amor. A única em minha volta que demonstrava se importar comigo era minha mãe, ela nunca fez questão de esconder o quanto eu significava o mundo para ela. Nem mesmo Edgar costumava ganhar tanta atenção de dona Madalena quanto eu, a quem ela chamava carinhosamente de sua princesinha. Perdê-la sem dúvidas foi o maior sofrimento que já passei na vida.

Não foram poucas as vezes que Alexsandra esteve junto com Emanuelly para me ajudar em situações que pensei que me levariam ao fundo do poço, na verdade estive no fundo do poço e fui resgatada pelas duas que pareciam decididas a acreditar em mim quando nem eu mesma mais acreditava. Elas me fizeram acreditar que eu daria a volta por cima e seria mais que uma garota rica problemática. O único problema é que Alex sempre me perturbou, a principio cheguei a pensar que me sentia sufocada com seu exagero ao demonstrar que estava sempre ali para cuidar de mim e não permitir que eu me deixasse ser levada a um caminho sem volta, confesso que Alex chegava a ser ainda pior que minha irmã mais velha, mas depois percebi que eu simplesmente poderia me acostumar com aquela atenção, eu simplesmente amava ser importante para alguém, ser importante para ela.

No entanto, quando percebi a real razão pelo o qual eu me via rendida aos cuidados de Alex fui tomada pelo medo. Perdi precocemente a pessoa que mais amava em minha vida, não suportaria perder um novo amor. Sim, eu não sabia quando tinha passado a amar Alexsandra, mas quando aceitei essa realidade fugi como o diabo foge da cruz, porque amar vai muito além de apenas sentir, amar é entregar-se a algo que causa catástrofe quando nos deixa sem dizer adeus.

Outro motivo que me fazia fugir do que sentia por Alexsandra era a incerteza de ser ou não ser correspondida. Alex nunca deixou transparecer nada além do cuidado de irmã mais velha, eu não poderia arriscar meus muros por algo incerto que me levasse ao fundo do poço novamente. Como dizia meu avô, o amor é traiçoeiro e eu precisava aprender a jogar com ele, mas desde o dia que Alexsandra defendeu-me do atrevimento daquele segurança por alguma razão o que encontrei no fundo dos olhos de Alexsandra arruinou com tudo o que sempre permaneceu intacto. Em poucos minutos meus muros estavam no chão sem que ao menos eu pudesse ter tempo para reparar a estrutura.

O jogo do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora