Capítulo 12 - Os dramas que assombram a alma

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Pov Melissa

Depois de algumas tantas garrafas de vinho completamente vazias ao nosso lado, lá estava eu e Ema dando sinais de que nossa sanidade mental já estava devastada pelo álcool que nos consumia naquele momento. A verdade é que após o jantar engatamos em conversas aleatórias que formaram uma combinação perfeita com a bebida proporcionado uma verdadeira sensação de relaxamento e alegria. Sim, nós ríamos iguais duas bobas ao descobrir as muitas presepadas que aprontávamos quando criança, eu particularmente estava fascinada em saber por quantas vezes Ema fez Germano enlouquecer com suas rebeldias de criança sem limites, isso explicava o porquê hoje se contava os fios de cabelos na cabeça do mais velho.

Não sei quando aconteceu e nem como chegamos até ali, mas aquela altura da madrugada nós estávamos largadas na cama espaçosa do quarto de Ema. Olhei para o lado encontrando-a contemplando o teto branco do quarto, sua expressão estava tranquila, seus olhos brilhavam, porém seu pensamento claramente estava longe.

– Em que tanto pensa? – Perguntei curiosa.

– Sinceramente? Não tem um único pensamento, estão todos uma confusão. – Ema sorriu tão espontâneo que senti vontade de apertá-la. – Acho que o vinho não me ajudou muito nesse aspecto, normalmente eu penso muito, mas sempre sei em que.

– Dizem que o álcool só libera as verdades que costumamos aprisionar, vai ver é isso que está acontecendo com você, você está liberando a confusão constante que existe em sua mente. – Seus olhos encontraram com os meus.

– Por que acha que vivo em uma confusão?

– Não sei ao certo, mas basta olhar para você. Está sempre tão séria, expressão cansada, tensa, preocupada.

– Isso é tão estranho. – Ema voltou a olhar para o teto.

– O que é estranho?

– Você em tão pouco tempo demonstra me conhecer melhor que todas as pessoas que me cercam. Não estou acostumada a ser o centro da atenção de alguém.

– Vai ver você não costuma conhecer pessoas inteligentes. – Meus olhos não desviavam do rosto de Emanuelly, era como um imã que me atraía para ela sem que ao menos eu fizesse qualquer esforço. – Como pode alguém não se sentir tentado em desvendá-la? Logo você, a toda poderosa mulher de ferro. – Ema gargalhou me fazendo rir junto com ela.

– Então é isso que você pensa de mim? Que sou poderosa?

Seus olhos penetraram os meus, seu sorriso aos poucos foi sumindo, de repente o momento descontraído tornou-se silenciosamente confortável. Ela esperava por uma resposta que eu desejava lhe oferecer, mas naquele momento me vi diante de um conflito jamais cogitado antes, coração x cabeça, verdades ocultas x meias verdades. Obviamente que aquela sensação era nova, mas não era desconhecida e perceber isso foi o que me assustou. É claro que eu já havia percebido o quanto me sentia bem ao lado de Emanuelly, o quanto nossa aproximação me causava a estranha sensação de está em casa novamente. Desde que conheci aquela mulher me vi ligada a ela, a principio me achei maluca tínhamos nos conhecido, mas com o passar dos dias convivendo juntas percebi que não, que está na presença de Ema era algo que me alegrava e meu coração respondia a isso. Embora Emanuelly fosse distante de todos em sua volta quando estava comigo parecia ser outra pessoa e eu estava simplesmente encantada.

O problema é que Melissa Cortez nunca foi uma mulher de meias palavras, nunca foi de dizer inverdades, tão pouco se permitia fugir de situações embaraçosas, ao contrário, os desafios sempre me agradavam, me ver sendo posta em prova era como despertar para vencer os desafios e mostrar para mim mesma que eu era capaz de ir sempre além do que acreditava conseguir. Naquele momento diante do olhar ansioso de Emanuelly e dos conflitos internos que me peguei vivenciando eu poderia fugir, mas eu sabia que também poderia ir além, eu poderia escolher entre verdades ocultas ou meias verdades, eu poderia inventar, mas desejei apenas ser sincera, ela merecia isso. E foi o que fiz, lhe dei minha verdade.

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