Amélia 2 [CONTINUA]

Cap.8-Ciúmes

-Amélia, a tua fala está errada de novo!-gritou Marília irritada e eu segurei no guião tentando memorizar.-Mas o que te custa dizer a porra das palavras que aí estão escritas ahm?-perguntou aborrecida enquanto todos olhavam para mim.

Queria responder e dizer que se calhar eu não conseguia memorizar porque era suposto ser uma modelo fotográfica e não uma atriz de novela caramba!

Ok ok, se calhar vocês estejam tão confusos quanto eu então deixa recapitular.

Flashback on:

Depois de fazermos as pazes na noite anterior, meu pedaço de mau caminho como sempre em nossas pequenas luas de mel trouxe o café da manhã na cama.

Enrolada aos lençóis agradeci a gentileza preguiçosa selando nossos lábios:

-Bom dia Miguel.-disse melosa e ele riu contra a minha boca.

-Trouxe tudo de que gostas, hoje não errei a chávena.-respondeu brincalhão e aliviada pelo bom humor tomei o primeiro gole do chocolate quente.

-Tu já estás vestido para sair, passa-se alguma coisa na Essência?-perguntei serena e ele coçou a cabeça nervoso.

-Não exatamente, vou dar uma entrevista sobre o projeto para um programa televisivo, aparentemente todos querem saber qual é o diferencial do estúdio e porquê a procura pelos famosos.-disse pensativo, não podia acreditar!

-Miguel... Quando tu ias me falar sobre isso? Não passaram nem semanas que tu abriste o estúdio e já estás a dar entrevistas e tudo. Wau, eu tenho um namorado da porra.-disse orgulhosa e ele riu alto.

Era o momento certo, eu precisava aproveitar o bom humor dele para contar sobre a possibilidade da gravidez, queria saber se por falha isso acontecesse qual seria o seu posicionamento.

-Ahm...-comecei séria desta vez e ele me encarou desconfiado.-Miguel... existe algo que...

Tum... Tum... Tum...

O celular dele começou a vibrar sobre a mesinha de cabeceira cortando o meu discurso, Miguel olhou para mim pedindo permissão para interromper-me por um segundo.

-Deve ser importante Miguel, atende...-disse sorridente o incentivando.

Ele esticou o braço, alcançando o celular e deslizou a tela.

-É a minha secretária.-disse encarando o celular e levantou-se para atender.

Secretária? Desde quando ele tem uma secretária?

-Oi Lin...-ouvi-o dizer de costas para mim encarando a janela através da cortina semi-aberta.

-Ela já chegou? Mas como? O encontro era só em... Está bem... -respondia bastante estressado.

Lá fora chuva fina que lambia as janelas como lágrimas agridoces. Levantei-me preguiçosa,larguei a chávena na bandeja e apenas vestida de uma das suas camisetas encostei-me em suas costas querendo tranquiliza-lo um pouco.

Talvez ele não soubesse o quanto significava para mim, em menos de um ano tanta coisa aconteceu e a intensidade de cada momento virou a minha porção para viver.

-E Lin... Prepare as respostas das perguntas para mim por favor, sou péssimo com as palavras.-disse sério e desligou.

Miguel virou-se então para mim e puxou-me mais para si num abraço caloroso e beijou a minha testa docelmente inspirando fundo, sabia o quanto estava saturado daquilo tudo, Miguel não gostava de burocracias mas ser empresário significa basicamente lidar com isso.