Cap.24-Horizonte

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A visita ao Castelo de São Jorge foi o pico de nosso passeio, conseguia ver seus olhos brilharem surpresos, eu entendia como ela se sentia naquele lugar afinal de contas eu também passei por esse período de intrusa num país estrangeiro.

O vento batia em meu rosto enquanto observávamos a cidade daquele ponto tão alto, meus pulmões se enchiam daquele ar puro e com pesar libertava o dióxido de carbono. Minha mãe do meu lado sorria, um tanto retraída, naquela miscelânea de preocupação e felicidade por estarmos juntas depois de longos meses.

Dário observava-nos, parado um pouco distante para nos dar privacidade, ainda assim se fazia sentir a sua presença máscula pronta para atacar o inimigo que me cercava.

Naquele dia permiti-me relaxar um pouco, pensava em tudo que aconteceu nos últimos meses, eu era uma sobrevivente e não iria me curvar para a depressão.

Como dizia minha terapeuta: teria outra oportunidade para ter um filho, se calhar numa altura menos conturbada, mas agora precisava concentrar-me no futuro e não no passado.

O celular tocou, olhei para a tela pensando que era só mais uma das notificações que eu estava a ignorar veementemente, mas não... Era Miguel!

Entusiasmada para contar-lhe do passeio deslizei a tela e atendi:-Oi meu amor!-disse entusiasmada e imaginei-o sorrindo do outro lado.

-Vejo que o passeio está a correr bem.-disse claramente descontraído, gostava daquele tom.

-Muito bem, obrigada Miguel.-disse contente.-Como vão as coisas por aí?-perguntei preocupada, sabia do peso que ele estava a carregar.

-Na verdade tenho boas notícias.-disse bem disposto e eu aguardei que continuasse:-Conseguimos o patrocínio, o trabalho será árduo mas ao menos não precisamos nos preocupar mais com a probabilidade da Essência falir.-disse ele satisfeito e eu respirei aliviada.

-Os meus parabéns querido.-disse sobre o olhar atento de minha mãe, Miguel vacilou um bocado do outro lado, ele queria dizer mais alguma coisa mas as palavras estavam intaladas em sua garganta.

Afastei-me um pouco da minha mãe preocupada e com medo do que eu mesma iria perguntar cuspi a pergunta:-Passa-se mais alguma coisa?

Miguel exitou um pouco antes de finalmente dizer:

-Meu pai saiu do hospital, você sabe como é a Dona Luísa, ela quer fazer um jantar para conhecer a sua mãe.

Respirei fundo, nossas famílias iam finalmente conhecer-se. Desde que saí do hospital, a mãe de Miguel ainda não me tinha vindo visitar, eu percebia, de verdade! Seu marido estava internado e ela estava ocupada com isso.

Mas havia alguma coisa que me dizia que existia outro motivo por detrás daquilo, não sabia o que era e recriminava a mim mesma por pensar mal daquela senhora que sempre foi tão simpática para comigo, mas aquele maldito pressentimento continuava a sobrevoar em meu pensamento.

-Claro!-respondi fingindo empolgação mas meu estômago se contraiu, aquele jantar não me cheirava bem, principalmente quando o pai de Miguel era um carrasco racista.

-Vemo-nos mais logo então.-disse ele contente e eu concordei desligando.

Depois de comer um monte de pastéis de Belém fomos direitinhas para casa, o turno de Dário estava quase para terminar e não podíamos andar a noite principalmente com um serial killer pronto para me matar a qualquer momento.

Assim que abri a porta de casa o cheiro de azeite embriagou minhas narinas, curiosa corri para a cozinha e vi que o forno estava ligado mas era impossível saber o que tinha lá dentro.

Amélia 2 [CONTINUA]Onde histórias criam vida. Descubra agora