-Procuro por uma moça, ela vai dar parto ou já deu de gêmeos, não deve ter dado entrada a muito tempo, eu sou a... A madrinha.-dizia atrapalhada na recepção do hospital e a senhora de óculos enormes continuava a escutar sem se abalar.-Acalme-se, qual é o nome da parturiente?-perguntou séria.
-Suzana, ahm... Suzana Sagres.-disse por fim e ela digitou algumas coisas no computador.
-Terceiro piso, quarta porta á esquerda.-disse simplesmente e eu agradeci já correndo para lá.
Assim que cheguei ouvi um berro audível, seguido do barulho duma maca sendo arrastado pelo chão, as portas abriram e vi uma Suzy suada, vestida da bata do hospital e a toca, seu rosto estava manchado de lágrimas com um semblante contorcido de dor. Corri para perto dela e esta apertou a minha mão com força.
-Suzy eu estou aqui!-falei enquanto a maca contornava para a direita.
-Eles prometeram...uff uff.-ela tentava falar.-Eles prometeram que seria um parto normal.-dizia apavorada.
-Eu não quero que seja cesariana, faz alguma coisa Amélia.-ela chorava tremendo e eu não sabia o que fazer.
-Calma Suzy, vai correr tudo bem. Se os médicos acham que é melhor assim eles devem saber o que estão a fazer.-disse tentando transmitir confiança mas a verdade é que eu estava para chorar também.
-O senhor é o pai?-perguntou a enfermeira para Dário que se encontrava do meu lado, quase caí na gargalhada ao ver a cara dele assustada.
-Não não, eu sou a acompanhante dela, este é o meu guarda-costas.-disse séria e ela pareceu levar algum tempo analisando se era verdade, é tão estranho assim uma negra ter um guarda-costas?
-Vai querer assistir o parto para tranquilizar a sua amiga?-perguntou e embora tivesse uma máscara percebi que sorria.
Estava apavorada, olhei dela para Suzy que continuava a chorar silenciosa e sem pensar mais de duas vezes concordei.
-Menina Amélia...-advertiu Dário que estava ao meu lado e eu olhei feio para ele.
Eu sabia o que ele queria dizer, Miguel disse que ele deveria estar de olho em mim e desde o momento em que ele me perdia de vista não estava mais a proteger-me.
-Está tudo bem Dário, isto é um hospital pelo amor de Deus.-disse aborrecida e ele se calou.
Larguei Suzy por alguns minutos, ela precisava ser anestesiada e preparada para a Cesária, eu porém precisava ser preparada para entrar na sala.
Devidamente vestida e desinfectada, fui encaminhada para a sala onde minha amiga parecia mais calma, havia um pano que a empedia de ver o que se estava a passar lá embaixo, tranquilizava-lhe como conseguia até que finalmente ouvimos o primeiro choro.
A emoção tomou conta de mim, as lágrimas caíram ao ver o pequeno gritar e gritar como se estivesse triste por finalmente sair do calor da barriga de sua mãe. Enquanto o limpavam escutamos o segundo choro e o riso de felicidade da equipe médica.
Não tardou muito e um deles me foi entregue, o outro foi entregue a Suzy que sorria agradecendo a Deus e a todos os santos por aquela dádiva.
Olhei para o bebé em meus braços e dele para Suzy, então era assim que eu me sentiria quando fosse mãe? Uma mistura de nostalgia e felicidade me atingiu, tudo poderia ser diferente se eu não tivesse escondido segredos.
-Parabéns mamãe.-disse para ela que agradeceu enquanto levava o outro bebé.
Aguardei na sala de espera para que ela fosse transferida para o quarto, segurava os joelhos com força enquanto pensava nos nomes que daríamos para eles.
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Amélia 2 [CONTINUA]
RomansaDepois de sobreviver a todas torturas da vida, nossa heroína moçambicana está mais forte, mais plena, mais preparada para tudo que der e vier! Após colocar Luís de Alcântara dentro das grades e ajudar a mãe a vencer o cancro está pronta para uma nov...