Cap.13-Meu Espaço

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-Dona Luísa?-olhei para ela surpresa, seu olhar azulado estava triste.-Aconteceu alguma coisa?

-Será que podemos conversar nalgum lugar descansado?- perguntou-me com a voz fraca e eu concordei acompanhando-a para a cafetaria do hotel.

Pedi para que trouxessem um chá de camomila para ela e um sumo natural para mim, rápido nosso pedido chegou e aos poucos vi-a relaxar enquanto esperava pacientemente para que explicasse o motivo da visita.

-Amélia...-começou por dizer e segurei a respiração nervosa.-Eu queria pedir-te desculpas por Miguel.-disse envergonhada e eu apressei-me em corta-la.

-Não, não, não Dona Luísa, não tem de fazer isso...

-Tenho sim!-disse séria e segurando a minha mão continuou.-Ana Paula contou-me o que aconteceu e eu quero que saiba que acredito em si.-concluiu e eu expirei pesadamente.

-Pois, mas Miguel não acredita então...-respondi triste.

-Sabe Amélia, eu sei o quanto o meu filho pode ser... Instável!-disse pensativa.-Mas ele realmente a ama.-disse séria e o coração falhou uma batida.

-Em algum momento ele vai se dar conta do erro que cometeu Amélia, só tenha paciência com ele.-disse serena e eu sorri fraco.

-Só espero que não seja tarde demais, Miguel magoou-me muito e eu não sei se conseguiria perdoar alguém que não confia em mim.-falei sincera e ela concordou triste.

O silêncio se instalou por algum tempo, sentia que não era tudo que ela queria dizer mas respeitava o tempo dela para abrir o jogo.

-Eu falhei como mãe Amélia...-ouvi a sua voz arrastada começar o discurso com pesar, seus olhos azuis cansados pela idade.-Eu tentei dar a melhor educação para eles, mas o carrasco do António sempre foi demasiado duro com Miguel e demasiado leviano com Ana Paula.

-Eu deveria ter fugido naquele dia, mas com duas crianças pequenas eu acovardei-me Amélia.-contava pensativa, atenta tentava perceber o que ela dizia.-A única coisa que sabia fazer era costurar e as mães solteiras não eram bem vistas naquela época.-continuou.

-Eu só... Só queria dar uma boa vida para eles.-tentava impedir que as lágrimas caíssem.-Que eles tivessem conforto e um nome.-sorriu limpando as lágrimas e sem saber como conforta-la continuava a apertar a mão dela emocionada também.

-A senhora educou muito bem os seus filhos, nada disto é culpa sua.-disse para ela enquanto esta negava com a cabeça.

-Sempre hei-de carregar essa culpa...-disse batendo no peito.-Mas não vou permitir que Miguel ou Ana Paula se tornem monstros como o pai.

-Amélia, o outro motivo pelo qual eu vim cá é porque António... está... doente.-disse séria e assustada a encarei.

O quê? O pai de Miguel estava doente?

-O carrasco teve um ataque de coração.-disse maldisposta.

-Eu lamento muito...

-Não lamentes, ele merecia é pior.-disse irritada.-O problema é que agora com António de cama ninguém está a assumir os negócios da família.-disse séria.

-Mas Miguel deveria...

-Miguel não atende o celular, fechou o apartamento hoje cedo e despediu-se no estúdio sem dizer para onde ia.-disse preocupada e embora tentasse negar, também estava.-Tu tens ideia de onde ele possa estar?-perguntou esperançosa e eu fiz que não com a cabeça.

Amélia 2 [CONTINUA]Onde histórias criam vida. Descubra agora