Cap. Bônus Miguel 3

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Amélia

Quase a perdi...- pensava enquanto colocava o terno para a gala especial dos Valverdes.

Enquanto olhava para a minha imagem no espelho lembrava de nossa noite no dia anterior, seu quadril mexendo sobre mim, a boca entreaberta, sua pele contrastando com a luz fraca do candeeiro, minha alma retirada de meu corpo...

Era bom tê-la de volta embora eu soubesse que algo estava errado, não contávamos tudo um para o outro, Amélia sempre foi o tipo de mulher guerreira que achava que podia lidar com tudo por conta própria e eu, bem... eu sou o bipolar como ela mesma costumava chamar-me.

Mas eu tinha paciência, com os últimos acontecimentos era normal Amélia estar apreensiva, com Luís fora das grades ela estava demasiado exposta ao perigo e isso deixava-me louco de preocupação.

Fazia o que podia e gostaria de fazer mais, ficaria mais tranquilo se Amélia tivesse alguém para vigia-la vinte quatro sobre vinte quatro horas mas teimosa como sempre recusou a oferta, começava a pensar seriamente em contratar alguém que a vigiasse sem que ela desconfiasse, talvez um dia ela me odiasse por isso mas era para o seu próprio bem.

Enquanto conduzia a cem pela estrada o celular começou a vibrar, segurei-o com a mão livre pensando que era minha amada mas não:

-Mãe...-atendi aborrecido, o cenho franzido antevendo o que ela iria dizer.

-Miguel, tu precisas vir ao hospital meu filho, o teu pai está a morrer.-disse com a voz chorosa e irritado afastei o celular do ouvido para praguejar.

-Mãe, deixa de drama! Eu passei daí mais cedo e os médicos disseram que ele estava estável!-disse impaciente.

-Tu nem sequer entraste para vê-lo Miguel, ele é teu pai!-disse irritada e eu ri de escárnio.

-Essa agora! Olha Dona Luísa, eu já percebi que o assunto é a empresa mas eu estou pouco me lixando, eu quero mais é que entre em falência!-disse enraivecido e ouvi ela reclamar do outro lado.

-Eu já disse que posso sustentar-te e pagar os estudos da Ana Paula, mas eu não vou meter-me nesses negócios do teu marido. Eu não quis antes e não é porque ele quer bater as botas que eu vou assumir a cruz dele nas minhas costas.-disse por fim.

-Miguel, este é o património da família e o desejo do teu pai sempre foi...-começou a apelar enquanto eu estacionava no local do evento.

-Mãe! Eu tenho um compromisso agora, falamos depois.-disse abrindo a porta e desliguei.

Assim que tranquei as portas vi-a, linda no longo vestido vermelho, ai como amava aquela cor!!!

-Você está maravilhosa Amélia.-disse ao pé do seu ouvido e ela sorriu agradecendo.

Os flashes começaram a cegar os nossos olhos, os hipócritas sorrindo com suas roupas de milhões de euros, era mesmo deplorável!

-Está tudo bem?-perguntei olhando para a musa daquela noite, sentia-a tão tensa do meu lado, seu sorriso era tão forçado que não combinada com seus traços angelicais.

-Tenho de concordar contigo querido, odeio estes eventos!-disse irritada e eu ri disfarçadamente.

Tiramos algumas fotos e Amélia teve de ir, como anfitriã precisava dar algumas voltas e pousar com metade da socialite. Explorando mais o ambiente comecei a dar voltas, com a taça de champanhe em minha mão conversava com algumas pessoas que ia apanhando pelo caminho.

Parei! Era fácil fingir que estava tudo bem perto dela, mas quando ela se ia o avalanche era real, eu acredito que mesmo se Luís ainda estivesse preso iria mudar-me para o apartamento dela de qualquer forma, não conseguia passar nem um segundo no meu sem sentir falta dela, seu cheiro, seu jeito, a gargalhada e aquele cheiro de côco na sua almofada.

Amélia 2 [CONTINUA]Onde histórias criam vida. Descubra agora