Amélia 2 [CONTINUA]

Cap.9-Aniversário

-Querida acorda... Eu não quero ir embora sem te ver sorrir para mim.-ouvi-o sussurrar envolvendo meu corpo em seus braços fortes e o cheiro anestesiante começou a dopar cada pedacinho de mim.

Abri os olhos preguiçosa, aquele dia finalmente tinha chegado, o aniversário de Miguel. Depois de uma semana repleta de muito estresse era hora de colocar o plano em prática, nem morta eu perderia um dos eventos, eu iria conseguir, tudo iria correr como planeado ou pelo menos rezava para tal.

-Tu tens mesmo de sair tão cedo Miguel? Ainda são...-virei-se para encarar o despertador fingindo não saber de nada.-Um quarto para às 6.-disse vendo as horas, meu Deus! Era tão cedo.

-Eu sei...eu sei ...-disse baixinho e seus olhos azuis vibrantes encararam os meus tristes.

-Miguel, tu não tens dormido direito. Olha para as tuas olheiras.-segurei em seu rosto lindo, ele deveria estar triste por achar que eu não sabia do aniversário, tonto! Queria rir na cara dele e desejar os parabéns mas fazia parte da surpresa deixá-lo decepcionado durante o dia.

-Sabes Amélia, quando tu fazes isso fica ainda mais difícil sair daqui.-disse olhando para mim com desejo, eu sabia o que ele queria, eu também precisava daquilo.

Com a pressão dos últimos dias, desde a noite em que fizemos as pazes nunca mais fizemos amor, Miguel estava estressado com o crescimento do estúdio e eu com os preparativos, mas presos em nossos segredos compartilhávamos em silêncio o medo que nos consumia.

-Eu acho melhor eu ir andando.-disse tentando fugir, ele também sentia aquela faísca.

-Ei...-segurei-o pelos ombros impedindo que fosse.-E o meu primeiro beijo da manhã?-perguntei sedutora e Miguel debrucou-se para beijar-me.

O beijo era quente, a temperatura perfeitamente relaxante, passaria o dia inteiro beijando sua boca, queria poder dizer com aquele beijo que aquele seria o melhor aniversário de sempre, ele só precisava ter paciência, mas não podia.

-Amélia...-disse ofegante separando nossos lábios e eu concordei percebendo no que aquilo iria dar.

-Vais conseguir voltar a tempo do jantar?-perguntou.

O evento beneficente dos Valverdes virou um álibi, assim Miguel não desconfiaria de nada, para ele estaria longe, em Sintra. Alheio de toda aquela confusão que eu tinha de passar para estar nos dois lugares ao mesmo, era de dar pena.

-Claro... Bom trabalho Miguel.-respondi sorridente e ele se foi.

Aguardei os passos de Miguel descendo a escada, ouvi a porta abrir e fechar, a adrenalina subia e tentava suportar a ansiedade em meu peito, alguns minutos se passaram e finalmente levantei, coloquei o roupão e corri para o quarto de Ana Paula.

-Acorda Ana.-disse sem cuidado algum, não havia tempo a perder.

-Uhmmm...-resmungou se cobrindo ainda mais.

-Vá lá acorda!!!-gritei a sacudindo e esta retirou a venda cor de rosa aborrecida.-Vamos Ana Paula, não temos tempo a perder, Miguel já saiu.-disse abrindo as cortinas e ela arrastou-se para fora da cama.

Deixei-a arrumar-se, saí em debandada para o banheiro e fiz a minha higiene, abri a gaveta procurando o carregador e encontrei o teste de gravidez, eu estava a arrastar aquela dúvida por muito tempo, mas já estava estressada demais, não podia lidar com tudo ao mesmo tempo.

A tela do celular acendeu retirando-me de meus devaneios e fechei a gaveta com certa brutalidade, segurei o celular nervosa e pude ver as tantas mensagens no meu celular:mãe de Miguel, Rico, Marcos, Moreno...