Cap.17-Orgulho

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Durante a sessão Miguel dizia as palavras que outrora eu amava ouvir, ignorando o que acabava de acontecer era totalmente profissional dando as dicas necessárias para  os melhores shoots.

-Amélia espera.-disse ele quando terminamos e eu organizava-me para sair.

-Miguel por favor deixa-me em paz.-berrei aborrecida e ele calou afastando-se de mim.

Sem nada a perder saí direto para o shopping, estava tensa e comprar algumas peçinhas para a berinjelinha manteria o meu cérebro ocupado, pelo menos é o que achava.

Comecei a dar voltas, era cedo para fazer compras pois só tinha dois meses de gravidez e minha mãe sempre disse que isso dá azar, mas eu nunca fui uma pessoa supersticiosa portanto ignorava todos esses mitos veementemente.

Observava todas as peças com verdadeira admiração, começava a acreditar naquela fantasia de que era menina e presa nela olhava para os vestidinhos emocionada, comprei algumas coisas para Khensani e para os gêmeos também,meus sobrinhos mereciam.

Girava dum lado para o outro e por um momento me sentia livre de dizer o que tanto escondia enquanto as moças perguntavam se era para oferecer ou se estava grávida. Com orgulho confirmava que estava grávida e elas começavam a dar todo carinho do mundo e a mostrar as roupas unissex visto que não sabia o sexo do bebé ainda.

Descansada procurava por uma lanchonete para tomar um batido quando passei por uma loja de eletrodomésticos, na vitrine vários televisores com a mesma informação, curiosa olhei com mais atenção e o meu coração congelou.

Larguei as compras no chão sem conseguir acreditar, não podia ser, eu estava tão lixada. Respirava com dificuldade olhando para as várias telas ao mesmo tempo querendo que fosse fake news, que eu estivesse a ficar maluca ou simplesmente a sonhar num sono profundo.

Notícia de última hora: "O empresário e modelo Luís de Alcântara foge da prisão durante incêndio em penitenciária de Santa Terezinha, este que foi indiciado por assédio e homicídio culposo no final do ano passado e aguardava por julgamento, as causas do incêndio ainda estão a ser investigadas pelas autoridades..."- diziam os jornalistas.

-Menina está tudo bem?-perguntou um senhor de meia idade percebendo que estava paralisada em frente a vitrine.

Desconectada do meu corpo carreguei as compras desajeitada e ignorando o bom homem comecei a correr para fora do shopping. Olhava para os lados com medo dele estar á espreita, estava apavorada, meu coração batia acelerado e a visão estava turva, pulava os degraus das escadas rolantes com pressa.

-Táxiiiii.-gritei para o homem encostado ao seu automóvel esperando algum cliente chegar.

O carro deu partida e fechei os olhos tentando controlar-me, eu não estava segura, se ele fugira da cadeia eu poderia estar a correr um grande perigo de vida, pensei no bilhete que recebi no outro dia em casa de Miguel:

-Tu serás a próxima...-as palavras ecoavam na minha cabeça.

Cheguei á casa e tranquei a porta, precisava reforçar as fechaduras, larguei as sacolas de qualquer jeito e fui tomar um banho, estava paranóica, fechei o chuveiro umas cinco vezes pensando que ouvi algum barulho estranho, naquela noite o sono custou a vir, eu estava muito lixada!

***

Na manhã seguinte acordei com os malditos enjôos matinais e uma dor de cabeça infernal. O bom é que ninguém conhecia meu novo endereço, convencia a mim mesma de que tudo ficaria bem, a polícia iria encontrá-lo, precisava encontrá-lo!!!

Preparei-me para mais um dia, a vida não parava só porque um maldito serial killer estava à solta não é?

Com todas as inseguranças em minha cabeça e olhando constantemente para os lados fui trabalhar, as pessoas sussuravam ao me ver e eu já imaginava que todos soubessem do que aconteceu.

Amélia 2 [CONTINUA]Onde histórias criam vida. Descubra agora