27° Capítulo

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Narração: Micaella

Levei minha mãe até a rodoviária e me sentei na praça de alimentação, ao pegar nosso lanche. Hoje ela viaja para organizar suas coisas e vir daqui há alguns meses de vez; e quase me convenceu de ir junto com ela e ficar uns tempos por lá, iria ser maravilhoso né, mas não dá! Eu tenho minha casa, tenho meu gordo e meus deveres sem condições de eu ir agora, mas prometi que vou antes dela voltar pro Rio.
Míriam: Se cuida minha filha, qualquer coisa me liga, ouviu?
Micaella: Está bem dona Míriam; aqui mãe, por que a senhora não vai de avião?
Míriam: Sei lá tenho medo Micaella, eu já fui investigada e acho que ainda sou... -contou, algo que eu nunca ouvi- Medo disso ser motivo de ostentação.
Micaella: Por que, por está com meu pai?
Míriam: Sim, foi... Na época eu era emocionadíssima, tomei logo um susto.
Micaella: Manheeê, e a senhora nunca me contou isso.
Míriam: O que não é visto não é lembrado, são coisas que eu não gosto nem de falar ô Micaella.
Micaella: Entendo...ai que babado hein, e lá na delegacia nem sequer mencionaram o nome da senhora quando puxaram o do meu pai.
Míriam: Graças a Deus né, sinal de que estou arquivada. -Diz forçando um sorriso.
Micaella: Deus me livre e guarde!
Míriam: Guarde mesmo, aquilo não é lugar pra gente, aliás para ninguém! -Dizia com certa frieza- Você que não vigie não.
Micaella: Ai mãe, credo! Támarrado!

Minha mãe já viveu muito, disso eu não tenho duvidas, mas ela não gosta de contar nem um 1/3 das coisas e é a minha maior curiosidade saber da história dela com meu pai, do princípio.

Descemos a escada rolante com minha mãe me apressando e nem era o horário do busão dela ainda, lá em baixo me deparei com a Maiara, trajada num vestido longo e cabelo preso num coque, uma bolsa de viagem grandinha e uma mochila no ombro. Aff! Minha mãe é foda, faz tudo no calado e isso me deixa puta!
Míriam: Oi minha filha linda!!! -Disse empolgadona- Como vocês estão?
Maiara: Mãí...tô bem.
Eu estava reparando ela sem nem disfarçar e ela me encarou fazendo um bico e arqueando à sobrancelha esquerda, soltei um suspiro já cansada só de pensar em ter que me dá ao trabalho de bater boca com ela, minha mãe percebeu e se manifestou logo.
Míriam: Nem pensem! Vem, vamos sentar ali.
Micaella: Já que a senhora está acompanhanda eu vou embora.
Maiara: Tivesse me falado tinha nem vindo, mãe. -desdenha.
Míriam: Micaellá, DÁ UM TEMPO! -exclamou, um pessoal próximo- Já que é pra dá show eu começo, caralho! Não vão aprender nunca?
Maiara: Desnecessário. -murmurou
Míriam: Desnecessário mesmo, duas mulheres se prestando ao ridículo, percebem que isso é feio e vergonhoso não?
Fiquei quieta na minha e Maiara, na dela. Tô nem aí! Ela quem comprou briga comigo por causa de dinheiro, então ela que vá pra casa do caralho pô, sou otária não e não esqueço de nada. Lembro muito bem quando ela ficou no ladinho da drasta dela só pela ganância do dinheiro do falecido, tá doido... Sem condições nenhuma de fazer a linha com essa songa monga.
Míriam: Pode custar, mas essa putaria vai acabar ou eu mudo meu nome pra cachorra, duvido!!! -Dizia numa puta convicção- E aí minha filha como está o bebê? Rhannn...
Fingi não ter catado, mas já pesquei. Maiara está grávida e eu percebi pelas vestimentas mesmo, ela com uma barriguinha saliente e pelos papos da minha mãe também que anda dando mole.
Maiara: A senhora é foda...
Minha mãe ficou com uma cara tipo: Dei mole!
Continuei na minha; a vida é dela né e eu não tenho nada a ver, escondendo de mim ou não é indiferente.

Acaso Libertino 💣⚡- Concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora