CINQUENTA E SETE

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O festival de fundação de Covey East é famoso por toda a região, sempre atraindo um grande número de turistas, ainda mais neste ano, em que a cidade comemorava sessenta anos e por algum motivo o prefeito Winx achou essa data mais importante do que as outras, fazendo do evento ainda maior do que geralmente era.

Trilhando o caminho de lanternas de balão de ar, desvio da multidão de pessoas que usavam máscaras fantasiosas que revelavam o folclore exótico que existia acerca da fundação da nossa cidade, um que envolvia criaturas mitológicas que agora eu sabia muito bem que eram reais.

Sigo rapidamente ao local que a Chris e Dylan disseram estar quando liguei minutos atrás. E noto que apesar tempo ruim e da névoa densa que deixava o tudo um pouco mais difícil de aproveitar a noite, todos estavam eufóricos.

Mas diferentemente deles, eu não estava tão animada assim, em parte porque ainda estava me recuperado do episódio da delegacia. Havia passado quase uma semana, porém eu ainda sentia o cheiro do sangue misturado a forte fragrância de enxofre, não era algo que conseguia me livrar.

No entanto, eu havia prometido a Ed que viria, e deste modo o fiz, mesmo que a minha real intenção fosse ficar em casa dormindo.

Estava perdida em meio ao mar de pessoas e máscaras quando os meus ouvidos finalmente detectaram algo. A risada alta e inconfundível da minha melhor amiga. E depois disso bastou que meus olhos a seguissem de modo que logo encontrei a Chris e o Dylan, eles estavam participando da corrida de três pernas.

Acenando para eles, tentei chamar as suas atenção. E por mais que tivesse me esforçado, falhei miseravelmente, já que os dois nem me olharam de volta.

Estavam concentrados demais na competição que não enxergavam outra coisa a não ser o caminho que deveriam percorrer para conseguir a vitória.

Edward é quem me avista e gesticula para que eu me aproximasse. Com passos largos, chego rapidamente ao seu lado, parando próximo ao limite das faixas verdes que serviam para isolar a área da competição.

Podia sentir a emoção no ar, ouvir os assobios de excitação, os urros de torcida, entretanto os meus olhos são atraídos para um lugar que o movimento era menor.

Lá eu vejo um uma silhueta vestida de preto da cabeça até os pés. Ele estava num canto remoto da rua, com os braços cruzados sobre os peitos. Eu sorri, reconheceria aquela jaqueta preta em qualquer lugar.

Seus olhos negros e meticulosos estavam grudados em mim como se estivessem ali muito antes de que eu percebesse. Inspiro profundamente, escutando o meu coração bater no mesmo ritmo de sempre que me  encontrava com ele, descontroladamente acelerado.

- Eu comprei um pouco de pipoca, você quer? – Ed me estende o pacote de suas mãos, mas os seus olhos não desgrudam da competição.

Edward era um apostador nato, e antes que eu chegasse havia apostado com o garoto ao nosso lado vinte pratas no casal de rosa. Então toda a sua atenção estava fixa neles.

- Não, eu... – Começo a dizer, mas assim que o meu olhar desce até as suas mãos, uma outra cena me vem à cabeça. E assim eu começo a rodopiar dentro da minha própria mente, sabendo que mais uma vez estava sendo arrastada para uma era diferente desta.

Hela estava correndo pela mata em direção as luzes. Eu conseguia sentir a sola dos seus pés descalços em carne viva, quase sangrando, e a cada passo que dava, os galhos e as pedras a machucavam ainda mais, mas ela não se importava. Precisava aumentar o máximo a distância da caverna que esteve sendo mantida. Kai não demoraria para recobrar a consciência e descobrir que sua prisioneira o nocauteou e fugiu, então logo mandaria um exército inteiro atrás dela.

Desejo ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora