QUARENTA E TRÊS

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Minha boca está cheia com o enorme pedaço que arranquei do meu sanduíche quando Ed se aproxima da mesa em que eu estava, com um olhar significativo demais para o meu gosto.

Ele tem uma expressão daquelas eufóricas e me encara como se soubesse de um segredo, algo tão perverso que ninguém jamais ousaria imaginar, como a vez em que ele descobriu que eu tive um sonho erótico com Christian Bale. Quero dizer, não foi bem um descobrir... Edward tinha um jeito de arrancar a verdade de mim como mais ninguém conseguia.

Ele praticamente começou uma inquisição naquela noite em que acampamos aqui ano passado para descobrir porque eu estava sorrindo tanto enquanto dormia, e bem, claro que acidentalmente também gemi o nome de Bale, o que quando me foi revelado isso, perdi as estribeiras e acabei confessando meu crime de uma só vez.

Então quando Ed atravessou a cozinha com os olhos queimando faísca em minha direção eu soube que seria algo que muito provavelmente me deixaria em apuros.

De qualquer forma mantive o meu rosto inexpressivo enquanto Ed puxava uma cadeira e sentava sem demonstrar qualquer pretensão. Ele sentou tão perto que se diminuísse apenas um único centímetro entre nós, Edward acabaria sentado no meu colo.

Ed faz um barulho estranho com a garganta para que eu o notasse, como se eu já não o tivesse feito desde o momento em que ele passou por aquela porta.

Inspiro fundo, e assim que meus olhos encontram os seus, vejo seus lábios se dobrarem em um sorriso.

- O que você foi? – Perguntei, dando mais uma mordida no meu sanduiche. Eu não gostava de tomar café da manhã, no entanto era quase meio dia e enquanto seguia para a cozinha ouvi um grupo dizendo que o almoço iria demorar. Então não tive opção, precisava repor minhas energias. – Desembucha de uma vez.

- Tenha modos, garota. – Ouço-o dizer com um sorriso nos lábios, arrastando a língua com cada sílaba que atravessava a sua boca. Era explícito que Ed estava se deliciando as minhas custas, eu só ainda não entendia bem o porquê. – Você deveria ser um pouco mais amigável comigo também. Quero dizer, tão amigável quanto foi ontem quando encontrou Daniel para fazer sacanagens a luz do luar.

O pão fica preso na minha garganta, e tive que dar três batidas fortes no peito para que ele voltasse a seguir o caminho correto.

Depois disso olho ao redor, conferindo se realmente não havia ninguém ali a não ser Kristie, uma garota que fazia educação física comigo, e que agora estava lavando a louça. Não que ela pudesse ouvir esse tipo de merda que Ed estava falando, no entanto ela estava com um headphone pink em sua cabeça.

O som estava tão alto que mesmo daqui, a metros de distância, eu ainda conseguiria dizer exatamente qual a música que estava tocando.

Confesso que quando acordei hoje mais cedo não sabia se a noite anterior realmente havia acontecido ou tratava-se de mero fruto da minha imaginação fértil e conturbada. Era natural que eu me perguntasse se poderia tudo aquilo ter sido apenas um sonho, pelo menos a parte em que saí da cabana e encontrei Daniel fora dela, quase como se estivesse me esperando também.

Até porque depois de toda aquela indiferença desde que cheguei à fazenda, definitivamente não esperava que Daniel conversasse comigo, não quando a algumas noites atrás ele deixou bem claro que não poderíamos ficar juntos ou continuarmos seja lá o que estávamos fazendo. Contudo, assim que eu me levantei com a luz diurna iluminando minhas pálpebras e me dei conta que a pedra que ele me deu estava aqui, sobre meu peito, tive a certeza que precisava.

Ed me encarava com um olhar curioso, esperando um grito, um soco ou qualquer reação exagerada minha. No entanto não faço nem um, nem outro, apenas o fito sem dizer absolutamente nada.

Desejo ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora