SESSENTA E UM

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Observei as altas árvores farfalharem com a brisa leve. Apesar de Covey E. ser cercada por elas, dificilmente era algo que eu parava para admirar.

Não eram árvores normais e sem graça como às vezes poderia parecer. Eram altas, algumas tão altas que mal se conseguia ver o fim. Além disso, os seus troncos eram grossos e raizes apareciam no chão.

Ontem Daniel disse que me treinaria, mas quando ele falou não dei tanta importância quanto deveria porque nem em um milhão de anos imaginei que ele estava mesmo falando sério, mas acontece que estava.

Mal havia amanhecido quando ele me tirou da cama, sem café da manhã porque disse que na guerra às vezes tínhamos que lutar pela a vida nas piores condições, ou seja, com fome e sede. E eu estava preparada para reclamar e rebater cada uma de suas palavras, mas antes que o fizesse, ele me puxou para fora da cabana e simplesmente desapareceu.

Daniel antes de seguir a trilha e me deixar sozinha disse para eu esperar ele voltar. E eu aqui estive, plantada no mesmo lugar há mais de quinze minutos.

Estava quase acreditando que ele estava brincando com a minha cara, mesmo que isso não fosse algo do seu feito, quando finalmente o avistei. Trazendo consigo uma bolsa preta, pendurada nos ombros.

Ele explicou algumas coisinhas básicas sobre confronto, luta e sobrevivência. Ensinou uma ou outra posição de defesa e depois disse para que eu escolhesse uma das armas que trouxe na bolsa preta.

Devo ter levado cerca de dez minutos ou um pouco mais para decidir, afinal, eu nem fazia ideia que existia uma variedade de arma tão enorme assim. No fim acabei pegando a que era uma espécie de faca curta e estreita.

O cabo era em forma de uma cruz e manuseá-la parecia ser uma tarefa muito mais simples do que séria com as outras, além de que eu me sentia mais familiarizada com ela.

- Não esqueça de afastar as pernas. – Ele disse para me lembrar. E imitando a posição que ele estava, girei a faca na mão com Daniel fez com sua arma também. Ou ao menos, tentei.

Ela caiu com impacto no chão, próxima ao meu pé. Por muito pouco eu não havia cortado-o no meio. A juntei do chão e desta fez eu não tentei mais nenhuma outra manobra radical, apenas segurei firme o punho negro.

Ao subir o olhar me deparei com os olhos de Daniel estudando o meu rosto com atenção.

Se eu não o conhecesse juraria que ele estava segurando uma gargalhada. Mas Daniel não era do tipo de que sorria. Nunca. Então abandonei esse pensamento.

- Você está pronta?

- Sim. – E sentindo lampejos de empolgação percorrendo por todo o meu corpo, tentei me arrumar em posição de ataque.

- Você realmente está pronta, Lena?

- Estou. – Saltitando, eu alonguei o pescoço em todas as direções, e depois que o fiz na verdade não soube dizer porque exatamente eu acabei fazendo aquilo. Acho que apenas porque nos filmes que eu assistia as pessoas que lutam costumavam fazer algo do tipo.

- O que eu acabei de lhe dizer? – Ele ergueu uma sobrancelha.

- Perguntou se eu estava pronta.

- Não, antes disso.

Pensei um pouco.

- Hã... "Tudo o que você precisa fazer é ainda estar viva até o final do dia!" – Repeti as suas palavras sentindo orgulho de mim mesma, pela ótima aluna que estava demonstrando ser.

Desejo ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora