prólogo

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"Passando por esse inverno. Até os dias de primavera. Até os dias que as flores floresçam. Por favor fique, por favor fique aqui um pouco mais." (spring day- bts)



- Droga! - exclamou ao ver que a pintura em que ele trabalhava por horas não estava do jeito que ele queria.

Taehyung impulsivamente pega o primeiro pote de tinta que vê pela frente e o joga contra o quadro criando manchas e respingos vermelhos contra a tela. Ele olha em volta do seu ateliê e vê dezenas de quadros com a mesma mancha em cores diferentes, todos os seus erros.

Um detalhe que já havia se tornado comum nas pinturas incompletas de Taehyung e ele não aguentava mais. Suas obras valiosas sendo arruinadas por sua frustração de não achar que está bom o suficiente para carregar o nome Vante consigo.

Dos olhos de um observador, uma obra prima mas pelos olhos de Taehyung um desperdício de tinta.

Ele se levanta e sai do ateliê em passos rápidos, a luz do dia machucando seus olhos castanhos, ele que achava que ainda era noite, se xingou mentalmente por ter passado a madrugada inteira em uma pintura que agora era lixo.

Diferentemente do seu ateliê colorido e artístico, seu apartamento era totalmente branco e minimalista.

Era de propósito sua casa ser da cor branca para parecer um manicômio e aguçar seus sentidos, levando seu lado artístico ao extremo. As pinceladas selvagens e as cores impactantes eram a assinatura de Taehyung em seus quadros disputados para serem pendurados em museus mundialmente.

Vante. Um nome que todos sabiam quem era e se não ainda soubessem, saberiam logo.

Taehyung tirou sua roupa suja de tinta e a jogou no chão do seu banheiro, entrando debaixo do chuveiro. Observou a tinta em sua pele escorrer pela sua pele morena até cair no chão branco e escorrer lentamente até o ralo, desaparecendo eternamente. Outro pequeno detalhe que havia se tornado parte da vida de Taehyung, a tinta escorrendo de seu corpo como se seu alter-ego Vante, estivesse indo embora.

Temporariamente, é claro.

De noite ele entraria naquela sala colorida novamente e se tornaria Vante, um monstro, um demônio, um artista. Um triste destino de várias emoções presas em uma só alma, aliviadas em telas que se tornam o resumo de sua vida.

Memórias insuportáveis.


"Quando você me chamou eu me tornei sua flor como se nós tivéssemos esperando florescer até doer"(serendipity - bts)


- Ainda com dificuldades? - Namjoon pergunta com seu rosto ocultado pela grande caneca de café que tomava.

- Sim... - Taehyung respondeu, observando a sua caneca de café já vazia na mesa - parece que piora a cada quadro. Todos são a mesma coisa, como se eu estivesse preso em um círculo sem saída - ele explica, fazendo um gesto de círculo para demonstrar a ideia.

Namjoon era seu empresário e... seu único amigo.

A única pessoa que ele poderia conversar abertamente sobre suas incapacidades artísticas, pessoais e emocionais, só ele sabia quem era Vante por baixo das pinturas e Taehyung por baixo de máscaras. No começo da sua carreira, ele ofereceu todos os investimentos que Taehyung precisava, apresentou suas obras para donos de galerias famosas, fez contatos e colocou as suas peças para expor. Namjoon mostrava, vendia e entregava as telas de Taehyung para os compradores.

Bastava Taehyung criar que o resto era por conta de Namjoon.

- Talvez não seja um círculo - Namjoon diz olhando para Taehyung - mas um labirinto - ele levanta o copo de café, como se fosse dar um brinde e com um pequeno sorriso no rosto.

beleza cruel • ksj + kthOnde histórias criam vida. Descubra agora