18 - Momentos

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Remus Lupin gostava de lecionar, ele tinha talento pra isso e amava ensinar, mas raramente lhe era permitido. Não era sua culpa o que aconteceu, nem sua culpa ele ser amaldiçoado, mas ele era e todas as consequências ele sentia na pele. Seus momentos mais felizes foram com os Marotos, seus amigos nunca o julgaram, até mesmo escolheram se tornar animagos ilegais para lhe ajudar e por isso ele seria eternamente grato. Ele estava lá, no casamento de Lily e James, foi um dos padrinhos e se emocionou com a felicidade de seus amigos, ele estava lá no primeiro dia de vida de Harry e foi ele quem sugeriu o nome. Remus lembra do cheiro de bebê que Harry tinha, era comum e ao mesmo tempo específico dele. Lembra de fazer caretas para o pequeno rir e lembra de brigar com Sirius por ser irresponsável.

Ele lembra de muitas coisas..., mas o que ele lembra e que mais queria esquecer era a traição. Sirius era seu melhor amigo, talvez mais que isso... muito além disso... e até hoje ele não sabe como o Black foi capaz de trair James, de causar a morte deles e depois matar Pedro. Sirius não teve um julgamento e Remus não iria se tivesse... ele não estava na cidade quando tudo aconteceu, estava em missão pra ordem... Sirius... a loucura da família finalmente o atingiu? A insanidade Black chegou a ele também?

O lobisomem chorou dias, noites... talvez semanas... foi ele quem arrumou o enterro dos amigos. Ele queria ver Harry, queria seu afilhado, queria protegê-lo do mundo..., mas... que futuro um lobisomem desempregado daria a uma criança? Que destino ele teria consigo? Dumbledore sempre deixou claro que Harry vivia bem, estava bem... então Lupin aceitou... aceitou que não daria uma vida digna a seu afilhado. As vezes nem tinha o que comer... como daria a Harry tudo que ele merecia?

Voltar a Hogwarts foi uma surpresa, mas Alvo disse que precisava dele, Alastor não poderia ensinar esse ano e não haviam mais candidatos, por isso ele voltou... era um trabalho que duraria um ano... era mais do que ele teve em muito tempo, um teto fixo e comida... mas havia Harry... Harry era um lembrança constante de sua incapacidade de proteger seus amigos, era uma lembrança constante de sua fraqueza e por isso antes mesmo de vê-lo decidiu que não se aproximaria.

Casualidades sempre são irritantes, no trem quando pronunciou o feitiço pensou estar ajudando qualquer aluno, mas seu lobo uivou feliz quando viu que salvou seu afilhado. No jantar, durante a maravilhosa música do coral o buscava com os olhos. A mesa da Grifinória foi seu primeiro palpite, mas ele não estava lá, buscou na Lufa-lufa e suspirou... Corvinal... se ele puxou a Lilian poderia estar lá, mas não... foi um choque vê-lo ao lado de um Malfoy, sorrindo amigável e com o uniforme verde na mesa da Sonserina... se forçou a ficar impassível, Severus ao seu lado encarava o menino insistentemente e aquilo lhe deixou com uma pulga atrás da orelha.

Na aula, quando o bicho-papão assumiu aquela forma grotesca Remus não pensou e se jogou na frente do menino, o protegendo... era instinto, era medo... era... amor. Tentou de verdade ficar longe, ser indiferente, porque doía, ver Harry o lembrava de James, os olhos verdes o lembravam de Lilian, e lembrar dos Potter o lembrava de Sirius... sua traição e seu pecado. Nas noites em que os sonhos eram vividos demais ele procurava poções para dormir, quando a dor da perda ultrapassava os olhos em forma de lágrimas grossas, ele se machucava... arranhões e mais arranhões...

Infelizmente querer se manter indiferente foi impossível, porque a cada mês que se passava percebia que Harry escondia algo muito triste... e em vários casos pode conhecer melhor o descendente Potter...

*****

Era um horário vago do professor de DCAT e ele já havia feito seus planos de aula, então decidiu andar pelo castelo, lembranças boas dele e de seus amigos correndo por esses mesmos corredores fizeram brotar um sorriso cheio de saudade por baixo do bigode castanho.

Seja um bom garoto HarryOnde histórias criam vida. Descubra agora