– O feitiço que vou lhe ensinar se chama "feitiço do patrono". Já ouviu falar? – Remus perguntou encarando o menino de óculos que parecia extremamente curioso, mas negou com a cabeça – Se um bruxo conseguir conjurar um, ele funciona como um escudo e é esse escudo que vai alimentar o dementador ao invés da pessoa. Mas para funcionar, tem que pensar em uma lembrança, uma lembrança muito feliz, a mais feliz que tiver, a mais poderosa. Consegue fazer isso?– Acho que sim... – Harry disse encarando o professor.
Lupin lhe pediu que fechasse os olhos ele obedeceu. Mandou que ele se concentrasse, vasculhasse suas memórias, pensasse em uma realmente feliz, mas era complicado... as mais antigas era de uma infância a muito perdida, as que mais surgiam era de toques que odiava, as mais recentes seriam fortes o bastante?
– Tem uma lembrança? – Remus começava a andar pela sala, estava na torre de Astronomia, lugar pouco visitado durante o dia, perfeito para o treino deles. Viu o garoto acenar positivamente e continuou. – Deixa que ela te preencha. Relaxe, se perca nela. E então fale o feitiço: "Expecto Patronum".
Harry repetiu baixinho. Lupin se afastou e tocou o baú que estava a frente do mais novo. Mandou que o adolescente pegasse a varinha e abriu as trancas com magia. Abriu a tampa deixando o monstro sair. Harry tremia assustado e ouviu novamente os gritos de si mesmo em lembranças que odiava. Piscou fortemente e mordeu o lábio inferior ferindo a ponto de uma fina linha de sangue descer por seu queixo. Ele deixou a memória tomar seu corpo e um sorriso brincar em seu lábios, assim como uma lágrima de felicidade deixar seu olho direito. Quando disse o feitiço tudo brilhou em prateado e o monstro que tanto odiava voltava ao baú recuando.
Remus riu enquanto fechava o baú e viu o garoto cambalear cansado. Ajudou ele a sentar em um dos degraus da sala e lhe deu uma de sua barras de chocolate ao leite.
– Isso foi impressionante Harry, impressionante mesmo. Você mostrou ao seu pai que é tão bom quanto ele! – Lupin mantinha um sorriso alegre nos lábios.
– Meu pai? – Harry estava confuso... de qual pai Remus falava.
– Sim, sim, James era muito poderoso e conseguiu assim como você dominar esse feitiço com alguma facilidade, claro que não tanta quanto você. – Remus sentou ao lado do menino e o encarava com curiosidade.
– Como... como eles eram? – Era uma pergunta entalada na garganta a algum tempo, sabia e conhecia a visão que Sevrus tinha, mas queria outra perspectiva.
– Eu... fui amigo de James... ele... tinha uma grande facilidade em causar problemas, amava quadribol, era leal com amigos... incrivelmente agitado. – O professor agora olhava para algum ponto além das janelas, além ate mesmo do tempo, se perdendo em lembranças. – E Lily... nossa... Lily era incrível, talentosa... doce, ela enxergava bondade em tudo, ate quando a pessoa não enxergava luz nela mesma.
– Papai me falou que meu pai era arrogante. – Harry comentou com os lábios sujos de chocolate e Remus riu.
– É de certo ponto verdade, James era mimado, conseguia ser arrogante e extremamente encrenqueiro quando desejava..., mas sua mãe o pôs na linha... mesmo que as vezes até ela tinha alguma dificuldade quando ele se juntava com... – Sirius... completou em pensamento e as lágrimas quase subiram para seus olhos castanhos, mas tratou de cortar os pensamentos se concentrando em outra coisa. – Harry, se me permite... quem é o homem que chama de pai com tanto carinho?
– Eu... ele foi o homem que me tirou dos Dursleys, que me livrou de onde eu vivia e me ajudou... ele me protege, me apresentou meu amigo e meus tios... foi nele que eu pensei, no dia que ele... ele me adotou, no dia que ele me prometeu que nada de ruim aconteceria comigo mais, no dia que ele jurou de dedinho que eu estava seguro.
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Seja um bom garoto Harry
FanfictionHarry não teve uma infância fácil, não teve uma família que lhe deu amor, mas ele vai aprender que família nem sempre é de sangue e que as vezes você pode sim desejar que os seus carrascos sofram, basta fazer direito.