– Como se sente hoje Harry? – Penélope perguntou enquanto Harry se encolhia na poltrona já conhecida e muito confortável para si. Estavam no consultório de sua psicobruxa.– Eu não sei... esse ano houve muitas coisas... eu só... me sinto estranho.
– Entendo... como esta seu pai? – A médica contornou a situação como tinha aprendido a fazer a muito tempo, Harry era evasivo como todo bom Sonserino, para conseguir se comunicar com ele precisava ser paciente.
– Papai está bem... ele teve tanto medo de virar um lobo... eu não tinha entendido ate ele me contar que Lobisomens não tem direitos como outros bruxos e se ele fosse um lobo não ia mais poder cuidar de mim. Ele tem tentado me deixar confortável... acho que ele tem medo...
– Medo de que? Saberia me responder? – Penelope tinha sempre uma voz calma e confiável, era fácil se comunicar com ela.
– Acho que ele teme que eu fique bravo, que decida morar com meu padrinho... acho que ele tem medo de eu estar bravo por ele ter me escondido que Sirius era inocente e por não ter feito nada para ajudar.
– E você está? Zangado com ele? – Essa era uma pergunta complicada e demorou alguns segundos a mais para ser respondida.
– Não. Eu fiquei um pouco pensativo quando percebi que ele sabia do segredo, mas..., mas eu também sabia que ele tinha seus motivos para não contar. Ele não estava certo em esconder algo assim... mas não consigo odiá-lo, eu acho que ele... ele queria me proteger de alguma forma. Saber de Sirius desencadeou situações muito confusas e estressantes.
– Imagino que sim. E como se sente em relação aos seus padrinhos? Da última vez parecia atordoado com o julgamento próximo.
– Ele foi inocentado, mas não está bem. Algumas pessoas sugeriram que ele fizesse tratamento em St Mungus... eu aceitei, porque Sirius parecia insano em alguns momentos. Quando me permitirem quero visitá-lo. Já Remus... ele não vai mais ser meu professor..., mas prometeu não ficar muito longe, disse que acompanharia o tratamento de Sirius quando fosse possível, mas iria atrás de um emprego... vou sentir falta dele...
– Entendo... Harry... há algo que queira me contar? Seu pai disse que acordou chorando alguns dias atrás.
– Dementadores... eu ainda sonho com eles..., mas..., mas... foi diferente.
– Consegue me contar seu sonho? – Penelope perguntou com uma voz carregada de humildade e confiança, Harry sentia que podia contar tudo a ela.
– Eu estava de volta a casa dos meus tios... – A mulher se surpreendeu com a fala, Harry nunca, nunca havia tocado no assunto dos tios antes, ele estava se abrindo, mesmo que um pouco. – Eles... eles negociavam com alguém, um homem tocou meu braço e quando tentei ver seu rosto era um dementador... eu me senti tão desesperado... não conseguia gritar, nem correr...
O menino chorava abraçando os joelhos como se para proteger do mundo, mas era um avanço tão grande que a Psicobruxa sabia que devia forçar mais um pouco, ela precisava saber mais para dar a ele o melhor tratamento possível.
– Harry... querido, acha que consegue me contar como era na casa de seus tios hoje? – Era uma pergunta recorrente, ela sempre a fazia quando ele começava a falar sobre algo do passado, por menor que fosse. O menino balançou a cabeça se encolhendo mais um pouco e ela escreveu algo em sua prancheta antes de finalizar essa parte da consulta.
O Potter chorava encolhido agora, mas não era desesperado. Viu quando o menino levou o polegar aos lábios buscando alguma forma de conforto, ela conhecia essa mania. Severus havia dito que desde os dementadores Harry sofria ataques fortes de ansiedade, teve dois ataques de pânico esse mês e ela sabia que deveria buscar uma saída. Snape também contou o episódio que viu o menino se mordendo ate sangrar e entrou em quase desespero. Ela não podia dar ansiolíticos mais fortes, antidepressivos já foram incluídos, mas não foram de grande ajuda... pensou em terapia com obliviate, mas descartou, só seria pior afinal ele sentiria medo sem saber o porquê. A psicobruxa estava ficando sem opções. Ela teve uma ideia a alguns dias, mas não tinha certeza se deveria seguir em frente com ela. Com um suspiro ela foi ate a porta e chamou Snape que aguardava na sala de espera, o homem entrou com o rosto visivelmente preocupado.
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Seja um bom garoto Harry
FanfictionHarry não teve uma infância fácil, não teve uma família que lhe deu amor, mas ele vai aprender que família nem sempre é de sangue e que as vezes você pode sim desejar que os seus carrascos sofram, basta fazer direito.