Capítulo Quinze - Ivan

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Nota da autora que vos fala:

DEMOREI UMA SEMANA? Sim, mas, em minha defesa, estava calibrando a história e adicionando uns pequenos momentos importantes, como, por exemplo, esse.

É um capítulo BEM curso, acho que é o menor da história toda e a gente tem o lado do patriarca dos Drago. Além de conhecer um pouquinho de Beatrice Drago, que tem umas coisinhas muito importantes para acrescentar nessa história. Inclusive, a gente vai fazer muito dela por aqui, apesar de mortíssima. Um dos capítulos mais bonitos que eu escrevi, e que gosto tanto, tem influência total dela.

Aliás, o final desse aqui é um cliff hanging do caralho, se preparem. O próximo capítulo já vem rasgando tudo e é bem grandinho, aconselho respirarem fundo, pois a cada segundo, isso aqui vai ficar cada vez mais alucinante.


BEIJINHOS DE LUZ PRA VOCÊS E OBG POR LEREM ♥

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Capítulo Quinze – Ivan

Verso la verità

O cheiro de macadâmia era sutil, comparado ao odor do tempo que me inebriou, assim que abri a pequena sala há tempos não visitada. Não só por mim, mas por Pietro também... Era perceptível como meu jovem e retraído filho não falava muito sobre o porquê de mantê-la trancada com feitiços que só os Drago poderiam desbloquear, mas o motivo era implícito demais para que debatêssemos. A principal semelhança entre Pietro e eu estava ali: ambos eram reservados e derrotados demais pela morte de Beatrice para mencioná-la ou simplesmente aprender a lidar com ela. E aquele quarto pouco explorado durante os últimos anos era o reflexo sincero disso.

Assim que a porta se fechou atrás de mim e eu fui invadido por todas as lembranças, compreendi o porquê daquele quarto sempre se manter fechado, apesar de parte de mim não ter mais lágrimas para chorar e a dor já ter se tornado parte de mim, inerte demais para que eu evitasse sentir depois dos primeiros anos de solidão. Não era um quarto propriamente dito há muito tempo... Desde que Pietro e Chiara haviam crescido e não tínhamos mais espaço para morar ali, retornando de vez para Itália, para a casa antiga e herança do meu senil e desajustado pai. Era a sala de Beatrice, como eu tão bem gostava de nomear... O lugar que mais gostava de frequentar, quando estávamos de volta a Londres, o pequeno espaço que a fazia sentir-se de volta aos seus estudos, sua origem.

Uma das paredes era repleta de livros, do chão ao teto, em uma estante embutida e elaborada por um "eu" de vinte e tantos anos. Os mais diversos exemplares de pesquisa mágica, animalescos e bestiais... Seres que encantavam os olhos da minha doce Beatrice, desde sua juventude. Encadernados antigos, raros, heranças de sua família de estudiosos... Toda a leitura que fazia Tris franzir seu cenho, distrair-se e escapar daquele mundo selvagem e sujo, sempre que bem entendia. Eu não a julgava por isso... Aliás, eu a amava por facilmente desconectar-se de tudo, o que eu nunca havia aprendido, nem mesmo me dedicando a ela até o seu último suspiro de alegria.

Havia dois sofás no canto da sala, diante das cortinas escuras e fechadas daquele cômodo espaçoso... Uma sala de leitura improvisada e que, agora, além do estofado verde escuro dos móveis, dos livros e prateleiras, havia dezenas de caixas as adornando, sob a total falta de luminosidade do aconchegante local. Dezenas de memórias e objetos pessoais de Beatrice, bem diante dos meus olhos, repleto de sentimentos que eu não conseguia exteriorizar como antes... Algumas fotos transbordavam das caixas no topo das pilhas que ali formavam, uma delas sendo a primeira a ganhar minha atenção, quando então me atrevi a explorar o que restava da minha falecida esposa.

Maleficium || Livro Um - PotentiaOnde histórias criam vida. Descubra agora