GWEN
Já faz dois dias desde que o caos aconteceu. Estou mais aliviada e realmente mais leve. Nadja foi presa e pegará mais de dez anos, se a justiça não falhar.
Acordo de manhã cedo e preparo um café bem forte para mim e faço o leite de Ava.
Estou morando no apartamento que Paolo deu para a filha. Sim, eu cedi. Mas foi quase impossível não fazer com minha mãe falando horrores em minha cabeça. É mais seguro para Ava e o eu irei fazer o que for de melhor para ela, mesmo que isso inclua engolir meu orgulho.
Termino de preparar tudo e subo para me aprontar. Faço minha higiene pessoal, tomo um caprichoso banho e me visto com uma calça jeans, tênis e blusa branco. Deixo meus cabelos soltos e faço uma maquiagem somente para amenizar a cara de derrota que estou.
Vou até meu quarto e olho minha neném deitada na cama. O amor da minha vida ainda pequena, dormindo serenamente. Ava amou cada canto deste lugar, e seu quarto então nem se fala. Mas eu não consigo dormir se não for agarrada a ela depois de tudo o que aconteceu. Parece que tenho que ter a certeza de que ela está ali quando eu fecho os olhos e ainda estará quando acordar.
Pensar que perdeu um filho é uma das piores coisas que poderia acontecer comigo. Me deixou paranoica com a vida. Nem consigo imaginar a dor de uma mãe que de fato perto seu amor. Sem sombra de duvidas deve ser uma dor insuportável.
Hoje irei procurar trabalho, preciso trabalhar e ocupa minha mente. Não quero ficar dependendo do Paolo para tudo.
E falando nele. Ah, o Paolo. Sei que precisamos conversar, mas quero fazer isso quando estiver com a cabeça mais leve. Muita coisa aconteceu em menos de uma semana. Preciso parar e refletir sobre tudo. Sua revelação, sua namorada e agora ex, o sequestro de Ava, ela no hospital... tudo atingiu diretamente a mim e ainda estou digerindo algumas coisas e de fato mais certa de outras.
Ele veio aqui ontem e ficou a tarde inteira com nossa filha. Conversamos mas coisa pouca, somente o necessário. Admito que não é um clima bom, meu coração se aperta toda vez que ele se vai.
Termino de arrumar minha bolsa e vou em direção da cama onde acordo Ava. Minha mãe tomará conta dela enquanto procuro emprego.
- Meu amor. - digo e acaricio seu rosto - Bom dia.
Assisto Ava abrir aqueles grandes olhos escuros para mim. Sua feição fechada por conta da caridade, cabelos para o alto e o rosto completamente amassado. Simplesmente linda.
- Bom dia. - volto a repetir agora rindo da sua careta
- Bom dia mamãe.
- Vamos levantar? Hoje você vai ficar com a vovó para a mamãe sair. - digo e me levanto
Ava se senta na cama e coça os olhinhos me fazendo sorrir para ela.
- A senhora vai para onde? - pergunta
- Procurar emprego. - digo
- Trabalho? - questiona
- Exato.
A pego no colo e a levo para o banheiro do meu quarto. A ajudo escovar os dentinhos e prendo seus cabelos no alto da cabeça. O tempo hoje não está lá essas coisas então deixo ela de moletom e nada de molhar cabelos.
Depois de ambas alimentadas, eu chamo um uber e ele nos deixa na casa da minha mãe.
- Vovó. - Ava mal entra dentro de casa e já sai gritando pela vó
- Aqui. - ela grita da sala e eu sigo a agitação em pessoa até lá - Oi meu amor. - minha mãe a abraça
- Bença mãe. - peço