GWEN
Eu pensei e repensei tudo o que me foi dito. Hoje, dois dias depois me sinto decidida a fazer o que é certo. O que acho melhor. Vai bagunçar, vai doer e vai me deixar com dor de cabeça. Mas se for pelo bem da Ava, é o que devo fazer.
É sexta-feira, não vi Paolo desde o acidente no mercado e agradeço por isso. Ainda não pensei em como bordarei esse assunto com ele, não quero soltar do nada e o assustar. É uma vida e também faz parte dele. Tanto tempo afastados, sem contato; não nos conhecemos mais, na verdade nunca o fizemos.
Ava dormiu na casa da Alexis, tiveram uma noite das meninas. Como hoje ela costuma sempre sair cedo da escola, optei por não manda-lá. Sei que ela foi dormir tarde com a madrinha e deve está bem cansada.
Levanto cedo, o sol já está acalentando toda a cidade então decido que irei correr um pouco, relaxar a mente e o corpo. Deixar o vento bater em minha face e me fazer esquecer um pouco de tudo, dos problemas e deveres.
Prendo meus cabelos em um rabo de cavalo no alto da cabeça, coloco um top e minha calça de malhar junto ao tênis, pego meu celular e água e saio do prédio.
Faço exercício por mim, pela minha saúde e também porque eles de certa forma fazem com que eu me distraía. E as vezes uma distração é tudo o que precisamos para poder voltar ao foco.
Não sei quanto tempo ou quilômetros eu corri. Somente paro quando minha respiração pesa e minhas pernas doem. Eu vou até o meu limite e me entrego totalmente.
Com a respiração desregular, paro na praça onde tem pessoas também fazendo exercícios, e me sento em um dos bancos. Bebo da água e observo cada pessoa ali presente.
Cada pessoa é um universo. Cada pensamento equivale a uma estrela. Já pararam para sentar e apenas observar ao redor? O céu, as árvores, os animais, as flores... Isso te tranquiliza, te dá esperança e pensamentos únicos.
Estava tanto tempo inerte que nem ao menos percebi quando alguém se senta ao meu lado.
- Gwen. - a voz de Paolo me faz arrepiar por inteira
O olho e vejo que assim como eu ele também estava praticando exercícios. Um enorme conjunto cinza de calça e casaco moletom, tênis de corridas e suor na testa.
- Paolo. - o cumprimento e termino de beber minha água
Minha garganta ficou seca de repente.
- Tudo bem? - questiona
- Sim, e com você? - tento ser o mais educada possível
- Estou bem também. - diz e o silêncio paira sobre nós
Como eu vou dizer isso? Simplesmente jogo tudo em sua face?
- Escuta Paolo.... - começo mas ele se pronuncia juntamente a mim
- Quer tomar um... - acaba rindo - pode falar. - me dá a palavra
- Não, diz você. - peço
Até porque não sei como ainda irei falar isso. Não sei ser delicada.
- Eu ia te chamar para tomar um café. - diz e aponta para o outro lado da rua, em direção a uma cafeteria
Bom, é melhor contar em um lugar mais formal.
Limpo minha garganta e suspiro. De hoje não pode passar.
- Claro.
Nós levantamos e seguimos lado a lado até o pequeno estabelecimento. Ainda em um clima quieto, nos sentamos do lado de fora da cafeteria. Fazemos nossos pedidos e aguardamos.