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(YOON ON)

O que aconteceu? – eu perguntei a mim mesmo, enquanto olhava para cima com uma sensação de que alguma coisa estava errada. Abri os olhos com mais clareza, relembrando os eventos que tinham acontecido antes. Eu e Talay caminhando até aquela flor, que se provou ser uma armadilha para uma queda grotesca e a situação em que eu me encontrava naquele momento.

Onde estaria Talay? Levantei meu corpo, ficando sentado sobre o chão. Senti uma dor grande nas costas e um ardo nos braços e pernas, que percebi serem consequências de arranhões que marcaram a minha pele durante a queda. Olhei para trás e vi que ele estava lá, ainda deitado, talvez desacordado. Respirei fundo, torcendo para que ele estivesse vivo.

E estava. Sua respiração era lenta e arfante e ele parecia estar ainda desacordado. Que ideia idiota essa de retornar para ver uma merda de uma flor! Senti uma raiva enorme de Talay, enquanto olhava o seu rosto desacordado.

- Você é mesmo um bobo! – reclamei, cansado.

A raiva foi substituída por uma preocupação estranha. "Apenas porque não quero que ninguém morra, mesmo não gostando nada dessa pessoa", eu disse a mim mesmo.

- Eu nunca fui escoteiro, merda! Como eu vou fazer fogo nesse lugar nenhum em que estamos?

Coloquei a mão no bolso para encontrar o meu celular, não estava ali. Revistei os bolsos de Talay, mas também não encontrei o celular dele. Ótimo! Eu iria mesmo morrer no meio do mato, acompanhado de alguém que não gostava e que estava bastante machucado. Eu decidi sequer perguntar o que de pior poderia acontecer, para não atrair mais coisas ruins.

A tarde foi passando rápida e Talay não acordava. Tentei gritar por ajuda, mas parecia que ninguém conseguia me ouvir. Parei um pouco, tentando recuperar o fôlego, enquanto via o sol começar a se pôr e levar minhas esperanças de resgate junto.

Ele estava tremendo em meu colo. Olhei para o rosto machucado do Talay e senti uma pontada de alguma coisa no estômago. Ele parecia estar tremendo de frio e com febre. Tirei o meu casaco e forrei o corpo dele.

- Ah, melhore, por favor...


(TALAY ON)

Abri os meus olhos lentamente, sentindo a dor na perna ainda muito forte. Porém, a dureza do chão tinha sido substituída por algo mais macio e por um momento de ilusão eu cheguei a pensar que estava em minha cama. Mas não era verdade. Ao me mexer um pouco, percebi que estava com a cabeça no colo de alguém; no colo do Yoon.

- Me desculpe... – eu pedi, baixinho.

Acho que até mesmo ele ficou surpreso com o meu pedido, mas eu sabia que a culpa tinha sido minha. Fui eu quem pedi para olhar aquela maldita flor e por causa disso caímos naquele barranco. Já estávamos indo embora! Por que eu tinha que fazer um pedido tão estúpido quanto aquele?

O pior é que ninguém sabia que a gente tinha entrado na mata, tudo porque eu queria mostrar ao Yoon o quanto eu sabia sobre o assunto e o quanto a minha função podia ser tão legal quanto a dele. Que besteira!

Meu olhar encontrou o de Yoon e me perguntei o que ele estava pensando. Será que queria brigar comigo, mas estava com pena do meu estado debilitado? Ele parecia estar em melhor situação do que eu, mas também não havia como ter certeza...

- Não precisa se desculpar, isso não foi culpa sua. – ele me respondeu e o seu tom de voz era gentil. Aquilo me surpreendeu.

- Mas... se não fosse eu... – tentei dizer, arfando.

- Você não tinha como saber o que iria acontecer. Eu tenho certeza de que não era o seu desejo estar aqui em meu colo, com a perna machucada e perdido no meio da mata. Você está se desculpando pela coisa errada. – ela me deu um sorriso animador.

(des)encontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora