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(PERTH ON)

Eu estava nervoso. A melhor parte do meu dia tinha sido conseguir falar finalmente com o Talay e marcar aquele lanche no apartamento dele. Eu sabia que ele estava debilitado, então não quis apressar as coisas e chegar cedo, para que ele tivesse tempo de se arrumar antes da minha chegada.

Ele tinha convidado também o Poy – e isso me deixava apreensivo em saber se ele sentia algum interesse por mim ou era apenas amizade. Talvez eu não quisesse saber a resposta. Uma amiga minha sempre me dizia que existem perguntas que não devem ser feitas, principalmente se não estamos preparados para a sua resposta. Conversar com Talay e aquele sentimento que estava surgindo em meu peito eram coisas que faziam o meu dia ficar melhor. Eu precisava daquilo para não me deixar derrubar pelas coisas ruins que estavam acontecendo em minha vida.

Tomei banho e passei mais de meia hora experimentando roupas diferentes, até escolher algo que fosse o meu estilo. Depois, foram necessários mais alguns minutos penteando os cabelos de diferentes maneiras, até achar uma forma que me agradasse. Por que quando gostamos de uma pessoa não conseguimos ser objetivos?

Mesmo tendo dito a mim mesmo que não chegaria tão cedo na casa do Talay, acabei saindo de casa duas horas antes do horário combinado. O resultado? Cheguei no condomínio onde ele mora com mais de uma hora de antecedência. Para matar o tempo, resolvi passar no apartamento do Poy antes e iríamos juntos quando chegasse a hora.

- Por que chegou tão cedo? – Poy me perguntou, quando finalmente abriu a porta.

- Queria sair um pouco do ambiente lá de casa. – menti.

- Eu ainda estou indo tomar banho. Espera aqui na sala, certo?

- Não demore, odeio ficar sozinho na sala dos outros. – respondi, revirando os olhos.

- Aqui não é a casa dos outros. Me respeita que eu sou quase o seu irmão. – ele disse.

Nós dois rimos.


(TALAY ON)

Cooper estava estranhamente solícito hoje. Ele me ajudou na cozinha com os preparativos para o lanche e me mandou descansar enquanto arrumou toda a minha sala. Apesar de achar aquilo bem estranho, eu agradeci. Minha perna ainda doía muito e eu não queria ficar fazendo muita movimentação, mas também não podia receber meus convidados com a sala toda desarrumada.

- O que deu em você hoje? – perguntei, quando ele se preparava para entrar no banho. Eu já estava arrumado.

- Como assim?

- Achei estranho você me ajudar com o lanche e a arrumação, logo você que não faz isso nem quando estamos fazendo a nossa festinha da faculdade. Não que eu esteja reclamando...

- Se não está reclamando, então cala a boca! Da próxima vez, eu fico sentado no sofá, apenas vendo você se esforçar. – ele fechou a cara e entrou no banheiro.

O que será que deu nele? Por que todo aquele estresse? E por que estava me ajudando tanto com coisas que ele nem precisava fazer? Suspirei.

Olhei para o meu celular e vi que estava se aproximando a hora marcada com os meus convidados. Será que eu deveria ter convidado o Yoon também? Afinal, ele tinha me ajudado na floresta? Se bem que não queria que o Yoon achasse que éramos muito próximos, daqui a pouco ele começaria a achar que eu estava flertando com ele – e esse não era o caso.

Quando Cooper finalmente terminou de se arrumar, ouvimos a campainha tocar – parecia que os convidados estavam em acordo com o tempo do Cooper. Eu ri com aquele pensamento.

(des)encontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora