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(TALAY ON)

Acordei me sentindo um pouco grogue e bastante cansado. As lembranças da noite anterior ainda vagavam em minha cabeça, apesar de tudo parecer ter sido apenas um sonho maluco. Fechei meus olhos e consegui lembrar do exato momento em que caí daquele barranco, levando comigo Yoon, de acordar com a perna tremendamente doendo e de estar tremendo de frio apesar do dia não estar tão frio, de ser carregado nas costas de Yoon, enquanto ele tentava encontrar uma saída para a nossa situação. Conseguia lembrar também de ouvir barulhos na mata, até que percebemos que havia pessoas na proximidade, de ser amparado por um de nossos salvadores e de observar Yoon desmaiando, quando o alívio finalmente conseguiu acalmar a adrenalina que estava lhe guiando.

Cheguei ao ambulatório e meus amigos apareceram logo depois, todos preocupados e querendo saber o que tinha acontecido. Tive que revelar para a polícia como tínhamos nos perdido, então eu sequer tentei fingir para eles. Não estava com vergonha do que tinha acontecido, estava mais preocupado com a minha perna e com a situação de Yoon. Eu me sentia muito culpado, afinal eu fora o responsável por termos nos perdido, mesmo que ele tivesse me dito que eu não era culpado por aquilo.

O médico me disse que eu tinha apenas quebrado a perna, mas que ficaria bem. Estava com um pouco de febre também, então fui medicado.

- E o Yoon? O que aconteceu com ele? – perguntei.

- Ele teve uma queda de pressão e acabou perdendo os sentidos. Mas fora algumas escoriações, está bem e pronto para a próxima. – o médico me respondeu com muito bom humor.

Eu respirei fundo, sentindo o alívio tomar conta do meu corpo. Se algo tivesse acontecido com ele, eu me sentiria muito culpado. E tudo isso para tentar competir com ele sobre quem tinha a função mais empolgante nos grupos de pesquisa da universidade. E pensando um pouco sobre o dia que tinha passado com o Yoon, e como ele tinha cuidado de mim quando eu precisara, ele nem é uma pessoa tão ruim quanto eu imaginava. Talvez esse fosse o fim da nossa rivalidade.

Agora, no dia seguinte, ele queria vê-lo para saber como ele estava. Mas não podia sair da cama ainda, principalmente com a minha perna naquele estado. E para piorar: os supervisores informaram que nosso retorno seria atrasado em mais um dia, tudo por causa do incidente que tinha acontecido comigo e Yoon.

Depois que tomei o meu café, cortesia que havia sido trazida a mim pela enfermeira, meus amigos finalmente fizeram a primeira visita do dia.

- Como você está? – perguntou Sosave, sentando-se na cadeira que estava disponível do lado esquerdo da minha cama.

- Estou bem, apenas impedido de sair daqui por causa dessa maldita perna. – respondi, fazendo uma careta de dor ao tentar me mexer bruscamente.

- Por que você não fica quieto um pouco? – era Cooper quem dizia aquilo. Ele tinha sido o meu primeiro amigo na faculdade.

- Porque eu não sou uma pessoa de ficar parada no lugar. Eu moro sozinho, lembra disso? Como vou cuidar da casa com a perna desse jeito? – reclamei.

- Você pode pedir aquele seu amigo, Poppy, para ficar com você uns dias. – sugeriu Sosave, claramente tirando o corpo fora da responsabilidade.

- Eu também posso ficar alguns dias, se for preciso. – Cooper se voluntariou, e eu dei um sorriso de agradecimento para ele. Era por isso que Cooper era mais meu amigo do que Sosave.

- Vocês já conseguiram ver o Yoon? – perguntei.

- Por que iríamos vê-lo? Nem conhecemos ele... – resmungou Sosave. – E tenho certeza que ele não gosta de mim, depois daquele incidente com o suco na lanchonete.

(des)encontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora