(des)encontros

#2

(TALAY ON)

Quando acordei no dia seguinte a confusão na lanchonete e estava me arrumando para mais um dia de faculdade, percebi que tinha perdido a minha carteira. Onde será que eu poderia ter esquecido? Todos os meus cartões e documentos estavam naquela carteira e perdê-la seria uma verdadeira tragédia e dor de cabeça para mim.

A última vez que eu me lembrava de ter visto a minha carteira foi na lanchonete, antes da confusão com aquele atendente atrevido. Bati na parede com raiva, já imaginando ter que retornar para a lanchonete. Será que precisaria criar outra confusão com aquele atendente? Mas nunca tinha visto-o antes por lá, então talvez o turno de trabalho dele fosse diferente do horário das minhas aulas. Respirei de alívio com aquela possibilidade.

Arrumei o resto das minhas coisas, coloquei os últimos livros na mochila e me preparei para sair. A mochila estava bastante pesada àquele dia e eu sentia uma incomodo nas costas, mas a terça-feira era o dia que eu tinha mais aulas. E não podia ficar sem os meus livros, pois sempre aproveitava os horários vagos para estudar. A pior coisa para um estudante era acumular matéria.

Quando fechei a porta do meu apartamento, meu vizinho também estava de saída. Mas ele não estava só hoje. Eu sabia que ele frequentava a mesma faculdade que eu, pois tínhamos algumas aulas em comum. Às vezes, até conversávamos a caminho das aulas, mas não podia dizer que ele era um amigo. O mais próximo que consigo chamá-lo é de conhecido.

- Olá, Talay. – ele me cumprimentou.

- Oi, Poy. Já está de saída para as aulas?

- Estou sim. – ele olhou para o amigo e, em seguida, para mim. – Esse é meu amigo, Perth.

Eu apertei a mão do outro rapaz. Ele era bonito – talvez uma das pessoas mais bonitas que eu já tinha visto em minha vida. Parecia ser mestiço, os cabelos pretos e a expressão completamente séria.

- Prazer! – ele respondeu, timidamente.

- Você quer vir com a gente? – Poy me perguntou.

- Adoraria, mas preciso esperar o meu amigo. Ele também tem aulas agora pela manhã. – respondi, ainda mantendo os olhos em Perth. Ele também retribuía meus olhares e aquilo me fez corar.

- Então, nos vemos mais tarde. – e os dois se afastaram.

Fiquei um tempo olhando para a dupla que sumia no horizonte. Depois, peguei o meu celular e mandei uma mensagem para Poppy. Como sempre, ele estava atrasado. Como minha aula começava um pouco mais cedo, respirei fundo e fiquei aguardando ele calmamente. Eu já havia dito que nos dias em que minha aula começasse mais cedo iria embora direto. Já havia interrompido um dos meus professores na semana passada porque Poppy não consegue sair no horário.

Foram quase 15 minutos de espera até que Poppy aparecesse. Contou uma desculpa sem sentido sobre como Porpla sempre usa o banheiro por muito tempo pela manhã e me entregou um sanduíche, que ele esperava que compensasse o atraso.

A sorte era que moramos bem próximo da universidade, então mesmo os atrasos não nos prejudicam tanto. Já estávamos próximos da universidade, quando lembrei novamente da carteira perdida.

- Poppy, vamos precisar nos separar aqui. Preciso correr para a lanchonete de Medicina para ver se deixei a minha carteira por lá.

- Você anda sempre muito distraído. Se pensasse menos em estudar e prestasse mais atenção na vida, isso não estaria acontecendo. – ele me responde, mas acenou em despedida.

Caminhei rapidamente pelo campus até chegar na lanchonete. Como eu previra, o atendente insubordinado não estava ali àquele horário. Perguntei a um dos funcionários se havia uma carteira nos achados e perdidos e ele me disse que iria conferir. Fiquei aguardando.