#PRÓLOGO

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(TALAY ON)

O dia estava lindo, mas o seu humor não estava colaborando. Meus pais tinham insistido que eu morasse sozinho, apesar de ter uma tia que mora aqui na cidade. E só quem mora sozinho sabe o trabalho que dá para manter uma casa organizada e tentar encontrar tempo para estudar e se divertir.

O meu primeiro ano na universidade não havia muito bom. Ele começou de maneira bem comum, até que conheci e me apaixonei por outro aluno da universidade, Jay. Um dia, quando fui visitá-lo, descobri que ele estava me traindo com outro. O que me restou daquele relacionamento foram mágoa, más memórias e um coração partido.

Nas férias, tive bastante tempo para pensar e tenho a minha resolução de segundo ano escolar: focar nos amigos e nos estudos e esquecer vida amorosa. Minhas notas não são ruins, mas meus dois pais são médicos e quero finalizar o curso com honrarias, porque sei que assim eles teriam orgulho de mim. As aulas começaram há duas semanas e, até o momento, tenho conseguido manter a minha resolução e passando bastante tempo estudando.

Era sábado e eu tinha marcado de encontrar meu amigo Poppy. A gente ia jogar basquete na quadra do apartamento. Como sempre, ele estava atrasado. Por que ele não conseguia chegar no horário? Eu saí do meu apartamento e fui bater na porta dele (ele mora dois andares acima do meu). Quem abriu a porta foi Porpla, irmã gêmea do Poppy.

- Oi, Porpla. O Poppy está por aí?

- Ele está trancado no banheiro já tem um tempo. Já disse a ele que se estiver se masturbando, eu vou colocar aquela porta abaixo. – ela estava furiosa.

- Hum... – respondi, constrangido. Ela e o Poppy não eram muito de esconder o que pensavam e não se importam de falar qualquer coisa na frente de qualquer pessoa. – Ele deveria estar na minha porta uma hora dessas, tínhamos combinado de jogar basquete na quadra.

- Estou aqui. – Poppy disse, aparecendo atrás da irmã. – Precisei dar aquela descarregada, se é que me entende.

- Muito sutil. – eu disse. Porpla bateu a porta com ferocidade atrás da gente.

As coisas eram sempre leves daquele jeito com Poppy. Às vezes, leves demais e a gente fica um pouco constrangido. Mas eu tinha aprendido a lidar com ele. Meu amigo é esportista, jogador do time de futebol da universidade e estudante de Educação Física. Não é difícil imaginar quem costuma ganhar todas as vezes que a gente joga uma partida de basquete, né?

Umas duas horas depois, estamos os dois sentados na quadra, olhando para o céu que começava a escurecer. Limpo o suor da testa com um dos braços e fico pensando na matéria acumulada que tinha deixado em casa para me proporcionar aquele momento de lazer.

- Por que você só pensa em estudar? – nos conhecemos há apenas um ano, mas Poppy já consegue ler meus pensamentos. Inacreditável!

- Porque ano passado eu me permiti pensar em outras coisas e não deu muito certo. Então, estou voltando para o plano original. – respondi a contragosto.

A minha amizade com Poppy tinha sido incrivelmente rápida. Uma hora éramos apenas vizinhos de prédio e em outra estávamos indo juntos para a universidade todos os dias. Acho que foi um encontro de amizades, talvez tivéssemos sido irmãos em uma outra vida, se isso realmente existisse.

Levantei da quadra, pensando que já tinha deixado o estudo de lado por muito tempo. Falar sobre o que aconteceu no ano anterior sempre acabava com o meu humor, mesmo que fosse uma citação tão rápida quanto aquela.

- Acho que você precisa deixar o que aconteceu no ano passado para trás. – Poppy estava muito sério. E isso me fez parar um pouco para ouvi-lo. – Olha, foi uma merda e doeu? Sim. Mas você vai deixar isso definir o resto de sua vida?

(des)encontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora