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(YOON ON)

Ele acordou primeiro do que o seu "convidado". O sol já estava alto – o que não surpreendia, já que os dois foram dormir já com o dia claro. Em algum momento da manhã, Perth fez menção de se levantar da cama e ir embora, mas Yoon pediu que ele continuasse ali. Os dois adormeceram novamente.

Quando abriu os olhos novamente, Perth estava com a cabeça encostada no peito de Yoon. Ele dormia tranquilamente, parecia estar tendo um sonho bom. Yoon fechou os olhos mais uma vez, respirando no mesmo ritmo que Perth. Aos poucos, as lembranças da noite anterior voltavam e ele sentiu a vergonha de estar beijando MD e InnTouch ao mesmo tempo. Sentiu-se horrorizado, principalmente porque isso poderia dar falsas esperanças ao amigo, que ele sabia ser apaixonado por ele.

Apenas quando notou que a respiração de Perth tinha mudado de ritmo foi que Yoon percebeu que o outro havia acordado. Os dois ficaram em silêncio por mais algum tempo.

— Você já pode ir agora, se quiser. — Yoon disse, enquanto Perth se mexeu inquieto, tirando a cabeça do seu peito. — Mas, se quiser, pode ficar para tomar café também.

— Sobre ontem...

— Por favor, podemos fingir que ontem não aconteceu? Estou envergonhado...

— Não tem com o que se envergonhar, P'Yoon. Eu só interrompi porque achei que seria algo que você talvez se arrependesse depois e tinha visto o quanto você bebeu na festa.

Yoon apoiou o cotovelo na cama e sorriu para Perth, genuinamente.

— Eu não sabia que você tinha esse espírito protetor.

— Eu já me arrependi de muitas coisas na vida, não queria que isso fosse outra coisa.

Yoon não sabia do que o outro estava falando, mas sentiu que poderia ser uma forma dele retribuir o favor que o outro tinha lhe prestado na madrugada.

— O que houve?

— Meu pai, bem... Meu pai está traindo a minha mãe, mas eu, ao invés de contar tudo para ela, tenho apenas brigado com ele e me mudado para a casa do Poy.

O estudante de engenharia imaginou o quanto aquilo devia estar deixando o mais novo desesperado. Estar em posse de um segredo como aquele, mas não poder falar nada com ninguém parecia algo assustador. Ainda mais quando isso estava relacionado a alguém tão importante para ele.

— Sabe o que eu acho? Você deveria dizer toda a verdade a sua mãe. Se você tiver amor e respeito por ela, não pode deixar que ela seja enganada dessa maneira. Eu sei que a situação é ruim e delicada, mas eu, por exemplo, preferia que o próprio Talay tivesse me contado do beijo entre vocês, ao invés de saber isso de uma forma horrível, como foram as palavras do Poppy.

— Eu sinto muito por ter beijado o P'Talay.

Yoon olhou com uma espécie de afeição para o outro, o que causou estranhamento até mesmo para ele. Quando a aversão que ele sentia por Perth tinha se transformado em um sentimento tão mais brando como aquele? Se, há algumas semanas, lhe dissessem que os dois estariam tendo aquele tipo de conversa, Yoon certamente chamaria essa pessoa de louca. Não mais.

O telefone de Yoon tocou e o garoto fez menção de atender, mas viu que o número que chamava era de MD e ele não estava pronto para lidar com o amigo naquele momento. Precisava de um banho, de se alimentar e se distrair. Sua vida tinha sido Talay por tantos dias em seguido, beber por ele, se preocupar com seu relacionamento... Ele precisava mudar o foco.

Perth repetiu as desculpas mais uma vez, como se quisesse ter certeza de que Yoon tinha ouvido.

— Não precisa se desculpar mais por isso. Vamos esquecer o passado.

(des)encontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora