#TALAY (Versão 2)

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Depois da sua visita ao Perth, Talay achou que era melhor ficar sozinho novamente. As palavras de Perth, que pretendiam libertá-lo da culpa, haviam aliviado o peso que Talay sentia, mas não o livrou completamente daquele sentimento destrutivo. Por outro lado, o estudante de medicina não tinha nenhuma notícia de Yoon desde que os dois se encontraram na recepção do hospital. Nenhuma mensagem, nenhum telefonema.

Talvez aquela fosse a penalidade por ele ter demorado demais em decidir quem ele queria. E, francamente, ele ainda não sabia se tinha escolhido certo ao mandar a mensagem para Yoon. Se ele fosse a pessoa que ele mais amava, teria lembrado de lhe mandar mensagem avisando que não conseguiria encontrá-lo, não é mesmo? Mas, na época, tudo o que conseguia fazer era pensar em Perth e o medo enorme de nunca mais ter a chance de falar com o Nong novamente.

Ele se sentia confuso. Por mais que entendesse a necessidade de assiduidade na universidade, ele precisava tirar um tempo para si mesmo. Era a única maneira que poderia começar a ajeitar a sua vida. A decisão anterior, de escolher rapidamente a pessoa com quem tinha um relacionamento mais sério, não parecia a escolha certa. Escolher exigia não se arrepender depois. Ele não estava permitido a machucar nenhum dos dois meninos: porque os dois eram especiais e haviam demonstrado inúmeras vezes o amor que sentiam por Talay.

Assim, na manhã seguinte, Talay mandou mensagem para Copper e Sosave, avisando que passaria o restante da semana afastado da universidade. No retorno poderia conversar com Poy e saber dele o que tinha perdido das aulas.

Assim que chegou em casa, a primeira coisa que Talay fez foi abraçar a mãe com força. Os dois tinham uma boa relação e ela sempre havia sido o seu conforto. Era por causa dela, e não necessariamente pelo pai, que ele queria se tornar um médico. Ela era sua heroína, a pessoa que ele mais admirava no mundo.

Ela percebeu que ele não estava bem, mas disse que os dois conversavam no dia seguinte, quando ela voltasse do plantão. Para Talay, aquilo foi um consolo. Ele precisava apenas se afastar e tentar não pensar muito no problema. Era covardia, ele não negava, mas o que podia fazer?

Talay fechou os olhos e dormiu. Dormiu por muito mais tempo do que imaginava. Quando acordou, já era noite. O pai tinha voltado do plantão e quis saber se ele queria sair para comer fora. Ele parecia cansado, Talay pensou. Então, ele recusou o convite e sugeriu que eles pedissem uma comida e fizessem uma maratona dos filmes da Marvel.

E foi o que fizeram.

No meio do primeiro Vingadores, o pai de Talay dormiu. O menino acordou o pai, desligou a televisão e foi para o quarto também. Ele não estava com sono, mas sabia que o pai precisava descansar e não queria continuar vendo o filme sozinho.

Na manhã seguinte, sua mãe chegou do plantão próximo da hora do almoço. Ela perguntou se o menino queria conversar, mas aparentava tanto cansaço que a única coisa que Talay pode pensar foi em mentir. Ele disse que os dois poderiam conversar quando ela acordasse e que não era nada muito sério. Pelo olhar de sua mãe, a mulher não tinha acreditado naquela história.

Mas ele esperou. Os segundos se transformaram em minutos, que formaram horas. Estava tudo bem.

Até que finalmente chegou o momento. Talay estava sentado na mesa da cozinha, com uma xícara de chocolate quente em mãos e olhando para o nada quando sua mãe se sentou ao seu lado. Eles ficaram em silêncio ainda por um tempo.

A mulher levantou-se, colocou um pouco de suco no copo e voltou para o lado do filho, dessa vez disposta a começar a falar.

— Você vai me dizer qual foi o problema que lhe trouxe aqui?

(des)encontrosOnde histórias criam vida. Descubra agora