XII

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Ana Caetano

Jogamos conversa fora até o jantar ficar pronto. E meus amigos, a lasanha de Dona Mônica não tem pra ninguém!

— Hmmm... Mônica, essa é a melhor lasanha que eu já comi em toda a minha vida. — Vitória fala, de boca cheia.

— Obrigada, Vitória. Mas tenho certeza que existem muitas melhores por aí. — minha mãe responde, quase envergonhada.

— Melhor? Mãe, sua lasanha é considerada a melhor de Araguaína.

— Ah, filha... — ela simplesmente desiste de debater e começa a comer.

Depois que terminamos de comer, ficamos mais um tempo sentadas na mesa conversando sobre filmes. Minha mãe se levanta pegando as coisas da mesa e Vitória se levanta logo depois. Eu as acompanhei até a cozinha, e presenciei a luta para decidir quem iria lavar a louça. Depois de muitos "Não, deixa que eu lavo", me coloco no meio das duas e falo:

— Nenhuma das duas vai lavar a louça, porque quem vai lavar sou eu!

E foi assim que eu acabei com uma quase discussão infinita das duas. Lavei a louça enquanto cantarolava alguma música que tocou na rádio da cafeteria mais cedo. Assim que terminei, fomos nós três para o sofá.

Na falta de alternativas de coisas para fazer, minha mãe fala para eu pegar meu violão e Vitória a apoia. Vou em meu quarto, pego o instrumento e volto, me sentando ao lado de Vitória - minha mãe estava no outro sofá. Antes que eu começasse a cantar "Toxic", Vitória sussurrou em meu ouvido: "Cê sabe que eu adorei te ver cantar e tocar". Isso me deu ainda mais gás para cantar - e umas borboletas no estômago também.

[...]

Infelizmente, chegou a hora de Vitória ir embora. Minha mãe e eu insistimos para que ela dormisse aqui, mas Vitória não aceitou. Nos despedimos com um breve beijo e minha mãe se despediu com um beijo em sua bochecha e um "Espero que te veja mais vezes, até logo". A observei até ela se misturar com as sombras.

Assisti dois episódios de Grey's Anatomy com minha mãe e fui para o meu quarto, antes ganhando um beijo na testa de minha mãe e um 'boa noite'. Tirei minha roupa, ficando só de calcinha, me deitei e me cobri com o cobertor. Quando estava quase dormindo, meu celular apitou, avisando uma notificação. Olho no visor e vejo 3 mensagens não lidas de Clarissa.

[0:24] Clapi : Oi, NaClara Caetano!
[0:24] Atendi a cacheada hj
[0:24] Ela é bonita pra cacete, viu!

[0:24] Você: Oi, Cla!
[0:24] Imagina, eu n tava quase dormindo quando sua mensagem chegou n
[0:25] E eu sei disso, senão n estaria praticamente a namorando!
[0:25] Boa noite, dorme com Deus 😘😘

Bloqueio meu celular e segundos depois a tela acende novamente, com novas mensagens de Clarissa aparecendo na barra de notificações: "QUÊ?", "COMO ASSIM, ANA CLARA CAETANO COSTA", "COMO VC TÁ PRATICAMENTE NAMORANDO A CACHEADA E N ME FALA N A D A??", "É ESSA A NOSSA AMIZADE DE 7 ANOS?", "VOLTA AQUI, ANA CLARA!". Apenas silenciei meu celular, rindo com as mensagens e me aconchegando. Acabei dormindo minutos depois.

[...]

Acordei por volta das 8:00, não sei direito porque depois de desativar o alarme fiquei mais um pouco deitada mexendo no Instagram. Típico de Ana Clara. Me levantei, escovei meus dentes, lavei meu rosto e penteei meu cabelo, voltei para meu quarto logo depois. Vesti uma regata preta com uma calça jeans também preta. Calcei meu Louboutin preto, peguei meu celular e fui para a sala, encontrando minha mãe lá, em frente ao fogão.

— Bom dia, mãe. — dou um beijo em sua bochecha.

— Bom dia, filha! Estou quase terminando de fazer as panquecas. — ela fala, colocando mais massa na frigideira.

— Ok. Já colocou a mesa? — minha mãe responde que não.

Abro uma toalha sobre a mesa e pego duas xícaras, colocando-as em cima. Pego também mel, manteiga, chantilly e duas colheres. Pego a leiteira, encho de leite até a metade e a coloco no fogão, acrescento algumas colheres de chocolate em pó e açúcar, logo depois ligo o fogo, mexendo bem até ferver. Depois de tudo pronto, fomos para a mesa e nos sentamos.
Enquanto nos deliciamos com nosso café da manhã, percebi que minha mãe queria me perguntar alguma coisa, mas não estava com coragem de perguntar.

— Fala, mãe... — ela hesita por um instante, me olhando, mas fala.

— Tu e a Vitória tão namorando? — a mulher pergunta, curiosa. Dou um sorriso enquanto a respondo.

— Ah, mãe... Oficialmente não, mas — faço um suspense - estou pensando em a pedir hoje.

— Sério?! Ah, vai ser lindo! Como vai ser? — a explico tudo e minha mãe escuta atentamente, com um sorriso no rosto. Depois que terminamos de comer, checo a hora.

— Ô, mãe, tá na hora de eu ir, viu... — dou um abraço na mesma, que me dá um beijo na testa.

O barulho do meu salto ecoa pelo chão do estabelecimento, atraindo a maioria dos olhares dos clientes novos para mim. Os funcionários e os clientes velhos já se acostumaram. Dou bom dia para todo mundo e vou me trocar. Encontro Clarissa saindo do vestiário enquanto entrava.

— Eu sabia que você tinha chegado! Escutei seu salto alto. — ela fala, assim que me vê.

— Bom dia pra tu também. — falo entrando de vez no vestiário, vejo Clarissa entrar de novo no local atrás de mim.

— Bom dia. Agora fala, cê tá ou não namorando a cacheada? — Clarissa pergunta, encostando nos armários sem desviar sua atenção de mim.

Ainda não, mas vou pedi-la hoje.

— Me conta tudo!

Amor de verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora