XXXVI

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Vitória Falcão

Ana comprou um teste de farmácia para mim. Depois de muito tempo enrolando para tomar coragem, entrei no banheiro e fiz o teste. Minutos depois o resultado já tinha saído, mas não mostrei para Ana.

— E aí? — ela pergunta, sentada na cama.

— Não saiu o resultado ainda. — passo por ela. — Eu vou ir fazer minhas malas... tá? — Ana concorda lentamente e eu saio do quarto.

[...]

Malas feitas. Coloco elas na sala e me sento no sofá, pegando o celular. Respondo as mensagens de Fernanda e Clarissa. Pouco tempo depois ouço buzinas do lado de fora e Ana vai abrir a porta. Scott sai do carro, cumprimenta a morena e vem em minha direção, me abraçando assim que me alcança.

— Eu senti saudades suas. — ele fala, ainda colado em mim.

— Também senti.

— Tu não tá esquecendo nada? — Ana pergunta, em pé no cantinho do sofá.

— Não, acho que não... — me desfaço do abraço de Scott e vou até ela, a abraçando. Eu consigo ver a tristeza e a dor em seu olhar. — Não fica assim não, cê sabe que eu não aguento te ver assim. – falo, a abraçando ainda mais forte.

— O Scott tá com pressa, Vi... — a morena fala, com a voz já embargada.

— Não, não. Sem pressa. — meu marido responde.

Ana me segura em seus braços pelo máximo de tempo possível.

— Tu tem que ir embora.— ela fala, se desfazendo do abraço e olhando em meus olhos. — Tchau, Vi.

— Tchau, Ana. — dou um beijo em sua bochecha, pego minhas malas e me viro, saindo da casa.

Coloco as malas no porta-malas e entro no carro. O ar de repente sumiu. Abro todas as janelas e nada muda. Olho pela janela e vejo Ana na porta, chorando. Meus olhos marejam e as lágrimas começam a descer pelo meu rosto, borrando o rímel.

— Amor? - Scott entra no carro. — Tá tudo bem?

— Não. — respondo depois de alguns segundos tentando cessar o soluço.

— O que aconteceu? — ele chega mais perto.

— Eu te amo. Muito. — o homem assente. - Você é um dos homens mais incríveis que eu já conheci, sério. Nesses anos que eu passei contigo eu fui muito feliz e aprendi muita coisa. Mas é ela...

— Ela o quê?

— É ela que eu amo.

— Ah... — ele sorri de canto. — Eu desconfiei. O jeito que vocês se olhavam, o toque... Dava pra perceber. Se é ela, então o que você tá fazendo dentro desse carro? Vai atrás dela! — ao terminar de falar, Scott sorria.

— Mas... e a gente? Somos casados!

— Eu corro atrás das papeladas. Agora entra lá.

— Cê não tá com raiva? — ele ri levemente antes de responder.

— Não, Vitória. Não tô com raiva. Eu te amo, e te amo tanto que eu só quero o teu bem e te ver feliz.

Sorrio e saio do carro. Antes de chegar na casa novamente, olho para trás e vejo Scott sorrindo. Meu sorriso se alarga ainda mais. Ao alcançar Ana, a abraço forte, era como se estivéssemos sem se ver há anos.

— Tu não ia embora?

— Eu vou ficar aqui contigo, Ninha. — a olho nos olhos.

— Quê? Como assim?!

— É, Ana. Ela vai ficar. — Scott aparece atrás da gente. Ana sorri e me abraça ainda mais.

Amor de verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora