XVI

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Vitória

Fernanda me acordou mais cedo do que o normal. Colocou um vestido branco rodado em cima da cama e separou um calçado branco com saltos baixos para eu usar. Ok, isso não acontecia faz um tempinho, penso comigo mesma. Me levanto e vou para o banheiro, escovo meus dentes e lavo meu rosto.

Troco meu pijama pelo vestido rodado, e pela primeira - ou segunda - vez, gosto de uma roupa que não foi escolhida por mim. Arrumo meus cachos e calço o sapato. Pego meu celular e vou para a sala de jantar, encontro minha mãe lá, sozinha enquanto come seu café da manhã. Vejo quatro malas no canto do cômodo.

— Bom dia, filha. Já mandei Fernanda preparar suas malas. — ela diz, dando um gole na xícara de café logo depois.

— Malas? Para quê?

— Vamos embora hoje, não sabe?

— O quê? Claro que não sabia, iriamos embora apenas semana que vem!

— Mudança de planos. — Isabel fala, com uma voz sínica. Vejo Fernanda, que estava ao seu lado, ir em direção ao meu quarto, me olhando, culpada.

— Isso é injusto!

— A vida é assim. — ela fala, dando de ombros, como se nada estivesse acontecendo.

[...]

Chegamos a cafeteria. Eu adentro o local, direcionando os olhos ao caixa, mas encontrando uma pessoa desconhecida. Vejo Clarissa passando por uma mesa.

— Oi, Clarissa.

— Oi, Vitória!

— A Ana tá aí?

— Ih, Ana vai fazer o turno da noite hoje, Vitória.

— Eu ligo para ela mas ela não atende, eu preciso falar com ela urgente. Você pode falar duas coisas para ela por mim?

— Olha, Vitória, passei a madrugada e o amanhecer do dia inteiro com ela, Ana não parava de chorar e de falar o quanto te amava e o quanto estava magoada. Ela só parou quando adormeceu.

Isso foi como um soco em seu estômago. As lágrimas brotaram em meus olhos. O motorista buzina uma vez do lado de fora, provavelmente a mando de minha mãe.

— Estou indo embora agora.

— O quê? Você não ia apenas semana que vem?

— Mudança de planos. — imitei a voz da minha mãe.

— Pode dizer a ela que a amo, por favor?

— Falo sim, Vitória. — ela dá um quase sorriso.

— Obrigada. — ouço a buzina mais uma vez. — Bom, tenho que ir.

— Boa viagem. — Clarissa me abraça. — E eu vou dar o seu recado para ela – a loira fala baixo enquanto ainda me abraça, me fazendo dar um quase sorriso. Me desfaço do abraço e me viro, dando um 'tchauzinho' antes de sair do local.

Não de me lembro de nada do que aconteceu depois. Apenas de lembro de ser acordada por Fernanda já em São Palo, com a cabeça doendo, os olhos inchados e meu estômago embrulhado de tanto chorar.

Amor de verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora