VI

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Ana Caetano

Fomos para a suíte do andar de cima da balada. Eu que lute para pagar depois, mas isso não importa agora. Nossos sapatos já estão jogados em algum canto desse lugar.

Minhas mãos se perdiam nas curvas de seu  corpo. Nossas línguas bailavam em perfeita sintonia. Até que percebo Vitória ficar tensa.

— Vitória, tá tudo bem? — paro o que estou fazendo.

— T-tá sim. É que... — ela se senta na cama. — Ai, meu Deus, tu vai rir de mim...

— Não vou, prometo!

— É que, eu sou... virgem.

— Ah, então é isso! — agora faz todo sentido. — Se tu não quisesse era só ter falado antes que eu nem te trazia para cá. Ai, eu fui muito rápida também, né? Nem te perguntei nada...

— Não precisa ficar se desculpando não, eu até tava gostando. — ela dá um quase sorriso. — É que eu quero ter minha primeira vez com a pessoa certa e na hora certa... sabe? — eu assinto.

— Pois então, bora para a banheira? — me levanto, e ela me olha com uma cara de "quê?" — Bora, uai! — a garota permanecia sentada. — Vitória, a gente tá numa suíte e tu não vai nem aproveitar a banheira?!

— É que não vai ser a primeira vez que eu vou usar uma banheira, então... — ela apenas dá de ombros.

— Mas a diferença é que vai ser comigo! Vamos, vai! Por favor! — a imploro, com cara de cachorro abandonado... e ela levanta. Essa tática nunca falha.

Entramos no banheiro, ligamos o chuveiro e esperamos a banheira encher. Enquanto isso, eu fui pegar uma garrafa de champanhe na mini geladeira que tem na suíte e peguei duas taças. Trouxe para o banheiro. Vitória desliga o chuveiro e levanta seu vestido na altura dos joelhos, colocando seu pé lentamente na água.

— A água tá quentinha! — ela fala, entrando de vez na banheira, sem nem se importar com suas roupas. — Cê não vai entrar não, Ana?

— E cabe nós duas ai dentro?

— Se não couber sento no seu colo mesmo.

Respondi apenas um "ok" antes de me juntar a ela. Mas antes, tirei a saia porque ia ser um porre depois para colocar de novo, vi que Vitória ficou meia tensa, mas só durou alguns segundos.

Me sento na banheira, de frente para ela e com as pernas do outro lado. Começamos a beber o champanhe, enquanto conversávamos sobre coisas aleatórias.

[...]

Saímos da banheira choramingando pois a água estava, literalmente, gelada. Nos secamos com uma toalha que tem no banheiro e saímos de lá, nos deitando na cama de casal. A voz de Vitória já estava embolada, ela não deve beber com frequência. Faço um lembrete mental de comprar remédio para dor de cabeça para ela. Continuamos conversando, até eu perceber que seus olhos começaram a ficar cada vez mais pequenos até se fecharem. Antes disso ela me chama:

— Ana? — sua voz meia embolada fala.

— Oi, Vi?

— Coloca o despertador para mim às 8:30?

— Coloco sim... Boa noite, cacheada. — eu falo, porém não recebi nenhuma resposta. Escuto sua respiração pesar e quando olho, ela está dormindo profundamente. Dou um meio sorriso a observando.

Pego a coberta e a cubro, me certificando que ela não irá passar frio. Pego meu celular, que estava na cama e coloco um alarme para 7:45 e outro para 8:30. Detalhe: agora são 4:47 da madrugada.

***

Sinto meu celular vibrar e o pego, apenas com um olho aberto, desativando o alarme. Fico uns cinco minutos deitada olhando para o teto, até tomar coragem para levantar. Vou para o banheiro, escovo meus dentes e lavo meu rosto. Percebo que estou sem minha saia. Será que?... Não, não, acho que não. Se não eu e Vitória nem com roupas estaríamos.

Visto minha saia de couro e calço meu Louboutin. Vou até Vitória, que ainda dormia profundamente. Pego meu celular e saio. No caminho respondo mensagens de Clarissa.

[4:22] Clapi : Ana Clara!!!
[4:22] Eu te vi entrando na suíte agarrada com a cacheada, viu!

[8:00] Você: Bom dia pra você tbm!

Bloqueio o celular e chego na farmácia. Compro dois comprimidos e pago pelo Pic Pay. Caminho de volta para o Neon Lights. No caminho para a suíte encontro Clarissa.

— Ah, quer dizer que a bonita dormiu aqui também!

— É, eu não diria que dormi. — ela fala, apontando para o barman de ontem saindo do mesmo quarto. Arregalo meus olhos mas depois sorrio.

Sigo meu trajeto e entro, encontrando Vitória exatamente do mesmo jeito de quando eu sai. Olho no celular e são 8:17. A vejo se mexer lentamente.

— Ainda não é 8:30 não, pode dormir mais um pouco — eu falo.

— Eu tô com uma dor de cabeça do caramba. — ela responde, com a cara enfiada no travesseiro.

— Eu tenho remédio aqui, não se preocupe não.

Minutos depois ela realmente acordou, mas permaneceu na mesma posição. Peguei dois copos e os enchi até a metade com água. A entreguei um copo e um comprimido. Tomamos e ficamos mais um tempinho de bobeira até ela levantar e ir até o banheiro.

Fico mexendo no celular até ela voltar e colocar seu sapato. Nesse momento o despertador toca.

— Ai já não precisa mais. — ela fala rindo enquanto o desativa. Vitória calça seu tênis. — Vamo? — eu assinto, a acompanhando.

Vejo alguns casais ainda dentro da balada, também devem ter dormido aqui. Damos bom dia para a maioria das pessoas enquanto saímos.

Vitória me falou que está hospedada com os pais justamente no hotel da minha mãe, uma coincidência e tanto! A acompanhei até o hotel e aproveitei para dar um "oi" à minha mãe — que me perguntou por que eu dormi fora de casa, e eu expliquei por cima.

Fiz meu caminho de volta para casa. Entro, coloco minhas coisas em cima da cama, nem tenho o trabalho de tirar os saltos, já que vou com eles para o trabalho. Troco de roupa, colocando uma saia preta e uma blusa simples. Penteio meu cabelo. Tomo meu café da manhã, fiz apenas torradas e chocolate quente. Pego minha bolsa e o celular, e saio novamente de casa.

Assim que chego na cafeteria, Clarissa me olha com uma cara de quem quer saber tudo.

— Bom dia! — eu falo, como se não soubesse de nada.

— Bom dia. Agora conta tudo!

Amor de verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora