Ana Caetano
— Mas e seus pais, ele são "ok" com você sair tarde e voltar só no outro dia? — pergunto para Vitória enquanto coloco o último pedaço de lanche em minha boca.
— Na verdade, mais ou menos — ela responde, despertando ainda mais meu interesse. — Meu pai é "Ok" mas minha mãe é mais conservadora. Eu tenho meio que uma vida dupla, só que só com ela. Fernanda, que trabalha lá em casa, que é basicamente minha melhor amiga me ajuda bastante com isso.
— Sério?!
— Uhum.
Cada vez que eu a olho, percebo um detalhe a mais. A íris do seu olho, o formato da boca, as pintinhas no pescoço. E cada detalhe é perfeito. Eu sempre arranco gargalhadas de Vitória, até mesmo sem querer.
— Pra onde a gente vai ir agora? - ela pergunta, assim que saímos do cinema.
— Tem um lugar aqui pertinho, tu quer ir?— Vitória assente.
Eu a guio no caminho, falando sobre coisas que aconteceram na minha vida. Quando vi, minha mão já estava em sua cintura, confortável. Quando ela percebeu meu olhar em sua cintura, olhou para o local e viu minha mão. Não falou nada, apenas me olhou e sorriu de canto.
— Chegamos. — eu falo, adentrando o local. Aqui é uma parte "escondida" do hotel, mais especificamente, do jardim do hotel.
— Uau... Aqui é lindo. — Vitória fala, olhando o todo o lugar. — Como cê achou isso?
— Eu precisava pensar, então, fui andando, andando... e cheguei aqui. — respondo-a, me sentando na grama. — Vem, senta aqui. — a convido, e ela vem.
— Sério, eu acho que nunca vi um lugar tão lindo igual esse em toda a minha vida. — Vitória fala, ainda boquiaberta.
— Que nada! Tu deve ter visto muito lugar bonito fora desse Brasil.
— Mas nenhum é tão bonito quanto aqui. Não tem nenhuma mudança, é natural. As folhas, as árvores, as plantas, as flores... — a garota suspira. Coloco minha cabeça para trás, olhando o céu.
— Olha, a lua tá cheia hoje!
— Tá mesmo. – Vitória fala, também olhando o céu.
Ficamos assim, caladas, por minutos. Não é aquele silêncio constrangedor em que ninguém sabe o que falar por falta de intimidade. É um silêncio bom, prazeroso.
Consigo escutar nossas respirações. E consigo sentir meu coração bater.
Me viro para Vitória e a olho. Seu cabelo cacheado balançando com a leve brisa, sua pele iluminada pela fraca luz da noite, sua boca tão convidativa.
Ela percebe o meu olhar e se vira para mim, olhando no fundo dos meus olhos. É como se eu estivesse totalmente vulnerável a ela, como se ela conseguisse enxergar toda a minha alma e ler meus pensamentos. Mas se Vitória lesse meus pensamentos, ah... se ela lesse...
A cacheada se aproxima lentamente, sem parar de me olhar. Aqueles olhos, castanhos com um toque esverdeado são hipnotizantes.
Nossos lábios se juntam em um beijo. Uma das minhas mãos vai para a sua nuca e a outra para a cintura. Separamos nossas bocas pela falta de ar, e Vitória, antes de se afastar, junta nossos lábios rapidamente, dando um estalo.
— Tu beija bem pra caramba.
— Cê acha? - ela pergunta, quase num sussurro.
— Eu não acho, tenho certeza.
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Amor de verão
RomansaAna Clara Caetano, mora em Araguaína, é filha da dona de um pequeno hotel e um pai que trabalha na sua própria cafeteria. Vitória Falcão, mora em São Paulo, filha de uma estilista conhecida por todo o mundo e de um empresário. Vitória foi com os p...