Raison d'être (ShinoKiba)

Em ritmo de encontro

O dia seguinte foi um dia de surpresas. Começou com Kiba compartilhando sua ideia de terem um momento "romântico", como se fosse o encontro de um verdadeiro casal, algo que agradou Shino, pois a parte animal de ambos os reconhecia como tal.

Fizeram juntos a primeira refeição, após a qual Shino foi para o escritório avaliar alguns relatórios e responder alguns contatos, e Kiba ficou na sala, usando o tablet do Alpha para pesquisar opções para a noite. Estava um pouco ansioso, afinal, seria a primeira vez que sairia com um evento de casal. Nunca fez algo assim: buscar opções para um momento a dois.

E foi nesse cenário que o interfone soou, para surpresa de Kiba. Sem dificuldade alguma ele descobriu como responder e ouviu o porteiro anunciar a chegada de ninguém mais, ninguém menos que Inuzuka Tsume! A alegria do garoto foi grande! E receio também, na mesma proporção.

Shino dispensou a moça da limpeza aquela semana, para que tivessem privacidade na adaptação... E isso significava que... Em quarenta e cinco segundos ele correu para o quarto em que dormia, chutou as peças de roupa espalhadas no chão para debaixo da cama e voltou para ficar parado na sala esperando a Beta chegar.

— Mamãe! — Exclamou quando abriu a porta após ouvir breves batidas.

Tsume tinha uma expressão séria. Avaliou o filho brevemente, antes de aceitar o par de surippa para visitantes que ele lhe ofereceu e entrar na sala. A primeira coisa que fez foi dar um abraço apertado em Kiba e esmagá-lo contra o peito. O gesto afetivo pouco usual surpreendeu o Ômega, que retribuiu da mesma forma, o calor da mãe sendo muito bem vindo.

Sua mãe era brava, estava mais acostumado com os abraços e os cafunés de Hana, sua irmã mais velha. Quando a mãe oferecia carinho assim, aceitava feliz (embora um tanto constrangido, não era mais um garotinho). O que ele não sabia era que tal demonstração de carinho tinha outro objetivo além de matar as saudades.

O aperto firme veio na intenção de sondar algum provável desconforto físico, assim como a chance de farejar o ar ao redor do garoto, em busca de algum cheiro atípico, principalmente medo, odor característico e facilmente detectável pela raça shifter. Aburame Shino deu mostras de ser um homem confiável, todavia a preocupação de mãe falava mais alto. Satisfeita em não perceber nada anormal, Tsume afastou-se ainda segurando-o pelos ombros.

— Como você está? — A Beta perguntou suave, querendo ouvir em palavras o que confirmou através de gestos.

— Ótimo! — A resposta veio muito rápida. Apitou o radar de mãe. — Vem comigo, mamãe. Vou te mostrar o apartamento do Shino!

Tsume obedeceu sem questionar. Conhecia o filho muito bem, o moleque estava desconfiado e na defensiva. Aparentemente não por algo resultante de ações do Alpha. A curiosidade materna se atiçou, todavia não pressionou nem perguntou nada. Sabia esperar. Kiba deu início a um pequeno tour mostrando a sala. Então a levou para o quarto em que dormia, abrindo a porta muito seguro de si: tudo estava arrumado.

Fingiu não ver a sobrancelha da mãe se erguer tão logo ela notou a perna de uma calça jeans escapando de sob a cama. Fora esse pequeno detalhe, não havia bagunça ou sujeira. O quarto era pequeno, porém arejado e agradável. Em seguida Kiba levou a mãe até o escritório de Shino. Bateu na porta duas vezes e abriu confiante, anunciando a chegada de Tsume.

Houve uma breve troca de cumprimentos. Quando o Alpha fez questão de levantar-se da escrivaninha, a mulher sinalizou com a mão, indicando que ele não precisava se incomodar e deveria continuar com o trabalho. Por fim terminaram na cozinha. Kiba pediu para a mãe sentar-se enquanto preparava um chá para ambos. Tirou alguns onigiri de um Tupperware e ofereceu para a visitante.