Raison d'être (ShinoKiba)

Kiba vai jantar

Kiba não deu a menor mostra de perceber a indelicadeza, os olhos selvagens cravados em Sabaku no Gaara, apenas esperando a liberação da parte mais importante da noite, o que não demorou a acontecer:

— Por favor, — Gaara atendeu ao pedido daquele Ômega — me acompanhem para darmos início ao jantar.

A frase nem tinha acabado de ser pronunciada e Kiba já estava se adiantando, muito interessado em começar a refeição. Gaara tomou a deixa e esperou o garoto alcançá-lo e caminhar ao lado dele rumo à sala de jantar que Ino apresentara mais cedo.

Foi o sinal para os demais imitarem, indo logo atrás.

— A gente chegou ao aeroporto e tinha um lanchão esperando, comi pra caralho! — Ali estava a empolgação característica de volta. — Mas era parecido com a comida de Konoha e eu fiquei meio decepcionado. Quero provar os pratos de Suna!

Dessa vez o palavrão dito ao Kazekage chocou apenas a Sasuke. Shino precisava admitir que, num primeiro momento, era mesmo impactante ver alguém sendo tão informal com aquele que tinha posto similar a de um rei. Mas, avaliando bem, nem ele deveria ter se espantado tanto. Conhecia a natureza peculiar do próprio companheiro, Kiba não era fã de cerimônias e formalidade. Além disso, Yamanaka Ino era uma mulher despojada e de forte personalidade, nunca seria feliz se precisasse andar sobre ovos com o futuro marido e isso apenas testemunhava a favor Sabaku no Gaara.

— Falei com Tsunade e pedi informações sobre uma dieta adequada. — Gaara explicou.

Foi como se apertassem um interruptor que desligasse o ânimo de Kiba:

— Dieta de Konoha...? — Decepção era pouco para descrever a expressão do garoto. À medida que avançavam começava a sentir um cheirinho apetitoso, que parecia um tantinho diferente do que estava acostumado. Seria triste descobrir que o aroma agradável era da culinária de sua vila natal, uma mudança feita apenas para agradá-lo. Era um turista! Queria ver e experimentar coisas novas exclusivas da terra tão distante!

— Não. — Temari respondeu depressa, cortando até mesmo a explicação do irmão, pois a onda de desapontamento que atingiu a todos foi algo que incomodou demais para que ficasse quieta. — Pratos de Suna! Eu mesma cozinhei, apenas evitei alguns condimentos e chás.

— Ah! — E o interruptor foi ligado de novo, mudando o clima para uma empolgação contagiante que dobrou de tamanho ao chegar à sala de jantar e ver a mesa toda arrumada.

— Fiquem à vontade! — Gaara fez um gesto cordial indicando a mesa de dez lugares. Seus visitantes podiam não saber, mas pouco usavam aquele espaço. Eram apenas os três vivendo ali no dia-a-dia, talvez fosse difícil de acreditar, mas o Kazekage preferia comer na cozinha, um lugar mais íntimo e menos formal. Virou-se para o lado do casal. — Vocês são como a família de Ino então me permitam considerá-los família também.

— Para nós é uma honra. — Shino aquiesceu, sinceramente emocionado com a recepção.

Kiba concordou com gesto de cabeça, deu uma olhadinha rápida para a mesa e escolheu fácil onde ia se sentar: no lado mais próximo da grande peça de carne assada. Shino sentou-se ao lado dele, de frente para Sasuke, Temari e Kankuro. Gaara e Ino, naturalmente, acomodaram-se nas pontas.

Além da carne assada, havia pão de grãos fresco recém-tirado do forno, frango cozido com azeitonas pretas, arroz frito, um tabule que parecia apetitoso e foi o segundo prato a atrair o olhar de Kiba.

Gaara serviu-se primeiro, até o Ômega sabia que precisava esperar o anfitrião dar início ao jantar. O Kazekage partiu um generoso pedaço do assado e tomou a liberdade de colocar sobre o prato de Kiba: