Janeiro foi um mês de fortes emoções na história do casal. Acostumados à rotina das últimas semanas, tinham os desejos por Takoyaki, a vontade constante de ir ao banheiro, as dores nas costas, como companheiros que nunca abandonavam a gestação.
E então a surpresa: o primeiro chutinho!
Não exatamente o primeiro, pois como Tsunade explicou, o feto se movia bastante, mas era pequeno demais para ser percebido pelos pais. À medida que o filhotinho crescia, seus movimentos eram visíveis, esticando a pele do abdômen.
Eles estavam prestes a dormir, deitados debaixo de grossos cobertores e trocando algumas carícias, quando Kiba interrompeu um beijo intenso, presenteando Shino com uma sensação engraçada através do vínculo.
— O que foi? — o Alpha indagou.
— Um treco esquisito na barriga...
Shino esticou o braço e acendeu o abajur do seu lado. Então se apoiou no cotovelo para observar melhor o companheiro abaixo de si. Estavam deitados meio de lado, pois a barriga cada vez mais atrapalhava um pouco as posições. E não era só isso que atrapalhava, cada vez que Kiba sentia vontade de ir ao banheiro seu humor caia a níveis perigosos: já não conseguia ver o "instrumento" e seu esquema para proteger as partes intimas do frio não funcionava mais.
Essas pequenas reclamações ocupavam mais o tempo das sessões com o psicólogo do que qualquer outro assunto; prova de que ele conseguia elaborar os sentimentos ruins de culpa e autocondenação. O próprio terapeuta avaliava a possibilidade de liberá-lo da terapia, dando a opção de continuar como uma forma de cuidar da mente, manter-se saudável, algo que todos deveriam fazer ao invés de só buscar ajuda no meio de uma crise.
Tentando entender o que havia sentido e atrapalhado o momento de amor, Kiba passou as mãos quentinhas pela barriga, acariciando-a com uma calma que ninguém o imaginaria possuindo.
— Ah! — Exclamou. — Você viu?!
— O quê? — Shino não teve certeza.
— Coloca a mão aqui. — O Ômega pediu. Quando foi obedecido, cobriu a mão de Shino com a sua e o fez deslizar até parar mais na lateral da barriga. — Espera...
Ficaram em silêncio por alguns segundos, até que aconteceu. Shino captou o leve movimento sob a sua palma. Os lábios se abriram um pouco, denunciando a surpresa.
— Isso...?
— Sim! Foi a sua filha chutando! Essa pirralha vai ser uma bela jogadora de futebol, já vejo até a fama! — E riu.
Shino ignorou a piada, mais interessado em ter aquele contato de novo. Permitiu que Kiba deslizasse sua mão outra vez, como se o Ômega intuísse onde seria o próximo movimento, e caía em uma tocante expectativa. Kiba prestava mais atenção na face emocionada do companheiro do que na própria barriga, um tanto contagiado pelo que o vínculo lhe trazia.
— Uau! — Shino exclamou ao ser "chutado" pela segunda vez. — Vai ser mesmo uma jogadora de futebol...
E Kiba teve uma crise de risos. Nunca imaginou que aquele Alpha fosse uma pessoa de "Uaus", foi tão engraçado e inesperado que não resistiu.
Depois disso ficaram um bom tempo concentrados naquela brincadeira, cada vez que a filhotinha se movia, Kiba gritava "Gol!". Na verdade ele queria gritar "Uau", mas imaginou que isso seria de mau gosto com a reação de Shino. Kiba sempre foi impulsivo e imprudente, mas a experiência que adquiriu ao invadir a casa de banhos o tornou mais preocupado e atento aos sentimentos das pessoas. Principalmente daqueles que amava.
---
Em janeiro a temperatura atingiu seu ponto mais baixo, presenteando Konoha com uma única nevasca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Raison d'être (ShinoKiba)
FanficO plano era perfeito! Os garotos revisaram tantas e tantas vezes, pensaram em tantas e tantas possibilidades que nada poderia dar errado! Exceto que deu. E deu muito, muito errado, pois como Naruto e Kiba viriam a descobrir da pior forma, um dos ele...