O shopping não estava tão lotado. Talvez por ser meio da semana, o movimento era moroso. Conseguiram escolher bons lugares na fila mais alta do cinema, numa sessão para ver o filme de Super Heróis que estava alcançando um bom sucesso. Kiba fez questão de bancar a própria entrada. Mas aceitou que Shino pagasse o combo de pipoca e refrigerante, porque a mesada que ganhava de Tsume era modesta.
Ele estava animadíssimo com a oportunidade. Fazia tanto tempo que não ia ao cinema!! Durante a sessão fez comentários empolgados sobre o elenco de atores e sobre os papéis que desempenhavam. Quando o herói preferido dele aparecia (o protagonista, claro) dava algumas explicações sobre a origem, os poderes e vários detalhes para manter Shino a par do enredo e do que foi deixado de fora da adaptação.
— Isso foi incrível! — o Ômega tinha energia demais em si, extravasava não apenas no jeito de falar, mas também em gestos, risadas, toques. Conseguiu passar as duas horas de filme (quase) comportado, mas ao sair da sala de cinema toda a animação foi libertada.
Além do mais, ele ainda estava com a sensação daquele beijo formigando nos lábios. Foi tão emocionante!
— Filme interessante.
— Não é? E tinha dois Ômegas na equipe. Achei muito foda isso, porque os poderes combinaram pra caralho!
— Ficou um bom gancho para uma sequência. Quer dar uma volta ou prefere ir direto para o restaurante?
Era quase nove horas da noite, como Kiba confirmou no celular. Parecia perda de tempo ficar por ali, o shopping ganhou algum movimento, mais pessoas vieram passear.
— Vamos jantar!
Shino concordou com a decisão. Caminharam juntos até o estacionamento, encontrando fácil o veículo do Alpha. Enquanto seguiam até o restaurante, Kiba não parou de falar um segundo, ofereceu uma nova análise detalhada do filme, do cinema, da pipoca, do shopping, intercalando o diálogo com assuntos aleatórios diversos. Exatamente como fez quando saíram de casa.
Pelo vínculo Shino capitava empolgação misturada com ansiedade e inquietação. Talvez o falatório desregrado fosse resultado do nervosismo. Temeu, a princípio, que tivesse exagerado ao beijá-lo daquele jeito. Mas foi impossível resistir! A proximidade, o calor que o alcançou, o delicioso cheirinho de morangos que o Ômega exalava mesmo antes de saírem de casa... Tudo mexeu com seu lado Alpha, dando a Shino a impressão de que podia oferecer o gesto de intimidade.
E se mostrou uma decisão acertada. Seu lado animal sentia as ondas de agitação que dominavam o jovem Ômega, assim como uma boa dose de satisfação e alegria. O beijo foi bem vindo. Ah, e como foi.
---
Assim que chegaram ao restaurante foram levados a uma boa mesa. Shino havia feito reserva antecipada por garantia. Todavia aquele lugar, um dos seus preferidos, não era um comércio badalado. Era um lugar pequeno, encruado no bairro familiar. Não chamava a atenção exceto de pessoas que buscavam um recando de paz e boa comida.
— Aqui é bem calmo. — Kiba constatou o óbvio enquanto se sentava.
— Não gosta?
— O quê? Tá pra inventar um restaurante que eu não goste! — Ele riu. — Se a comida for boa, o resto é detalhe.
A afirmativa veio sincera. Acalentou Shino de um jeito que o abalou. Mal conhecia aquele garoto, e as reações conseguiam mexer demais com o lado animal. A força de um reconhecimento era impressionante.
Ou talvez nem tanto.
Ali, naquele instante não era um Alpha admirando um Ômega. Era Aburame Shino admirando Inuzuka Kiba.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Raison d'être (ShinoKiba)
أدب الهواةO plano era perfeito! Os garotos revisaram tantas e tantas vezes, pensaram em tantas e tantas possibilidades que nada poderia dar errado! Exceto que deu. E deu muito, muito errado, pois como Naruto e Kiba viriam a descobrir da pior forma, um dos ele...