O Poder do Nosso Amor

Epílogo

Cinco anos depois 

Belle

Chegar em casa é uma das melhores partes do meu dia, mesmo no final de semana, mesmo após um ótimo dia com minhas amigas. Ter um tempo para mim é incrível, sem crianças, sem marido, sem trabalho e eu aproveito cada segundo, eu curto, eu esqueço dos problemas, afinal eu sou uma prioridade minha também, eu mereço. Eu amo meus filhos, mas ser mãe pode ser cansativo, há dias que eu simplesmente estou exausta, Luís e eu cansamos. Maternidade e a paternidade não é somente glamour. E por esse motivo uma vez por semana saímos sozinhos, ontem Luís saiu para jogar sinuca em um bar e hoje, eu saí para uma bar com as meninas, nós fomos assistir o jogo de futebol que estava sendo transmitido na televisão, os jogos de sábado a tarde sempre são os melhores, único defeito do dia foi ser a motorista da vez, eu fiquei apenas na água com gás e limão. 

Eu estaciono em frente à nossa casa, afinal não há necessidade de estacionar na garagem, porque nós, ainda hoje, iremos para casa dos meus pais. Eu deixo o carro, aciono o alarme e caminho em direção a porta, o vento bagunça meu rabo de cavalo, olho para o céu, o Sol está quase começando a se pôr, respiro fundo, sorrio, olho em frente e sigo para meu destino. 

E por mais que tenha seja divertido sair, por mais que eu ame sair e não abra mão dos meus momentos, na volta para casa, eu recordo dos sorrisos dos meus filhos e tenho saudade, eu amo voltar para casa. Eu, finalmente, abro a porta e entro em casa, não há barulho algum e faço uma careta, será que Luís saiu com as crianças? Será que ele esqueceu que estamos indo passar o domingo com meus pais? 

Sigo para sala e encontro a televisão ligada, um desenho animado, meu olhar percorre o cômodo e encontro os amores da minha vida, eu deveria ficar irritada, eu deveria acordar meu marido e brigar com ele, mas não estou chateada, eu não consigo ficar chateada, ao contrário eu estou sorrindo. Eu pego meu celular no bolso, abro a câmera e foco nos meus modelos favoritos, a foto fica linda, eu olho para ela e a analiso com cuidado. Luís está deitado sobre o tapete, Gabrielle dorme ao seu lado, um dos braços do seu pai é o seu travesseiro, Bernardo dorme no sofá e Amélia dorme sobre o peito de Luís. 

Eu estou concentrada admirando a foto, mas posso escutar as patas do nossa pequena cadela encontrando o chão, ela está correndo, provavelmente estava no jardim, seu lugar preferido. Guardo o celular, Safira entra na sala, ela late, eu sorrio, abaixo-me e passo minha mão pelo seu corpo, ela abana seu rabo. 

— Você irá acordar o pessoal, Safira. — Nosso pequeno animal de estimação de cinco anos, também conhecida como a vingança de Pietro, late novamente, eu suspiro. — Eu sei que eles não deveriam estar dormindo, mas se você acordar Amélia, ela irá chorar e sabemos que aquela pequena humana de quase dois anos tem um pulmão potente. 

Olha para mim como se entendesse o que eu estou dizendo, o mesmo olhar de cinco anos atrás, eu lembro bem do olhar dócil que o filhote de Ilhasa Apso dirigiu a mim, Pietro se vingou da bateria infantil presenteando Gabrielle com um filhote, Luís e eu ficamos chocados, os primeiros dias foram infernais, Safira chorava horrores, mas então ela começou a se acostumar com a gente e nós nos apaixonamos. Safira é uma parte da nossa família. 

Safira late mais uma vez, olha para Luís e ele está abrindo seus olhos, acorda meio desorientado, então vira-se para mim e sorri. Eu quero sorrir, mas não sorrio, ergo minhas sobrancelhas, ele sabe que eu estou me referindo ao fato do nossos filhos estarem dormindo. Luís com cuidado afasta Gabrielle, passa seu braço pelo corpo de Amélia e senta, nossa caçula continua em seus braços, apoia seu corpo no seu braço livre e fica em pé, caminha em minha direção.

— Não foi proposital, sereia, nós estávamos assistindo o filme e de repente estávamos dormindo. 

Sussurra para não acordar Amélia, mas falha, a pequena resmunga, Luís a balança, não adianta, ela chora.