Separados Pelo Acaso Unidos Pelo Destino

capítulo seis

— Notícia ruim se espalha rápido. –diz Beatriz sem muito reação, afinal não precisava fingir que é forte todos já sabiam e tinham uma idéia de como ela estaria se sentindo.

Beatriz começou a amizade com a Clarisse quando ela chegou na cidade, seus pais viviam viajando e eles se mudavam várias vezes ao ano. Quando eles perceberam que Beatriz havia se dado bem com o novo ambiente decidiram contratar uma babá para cuidar de sua primogênita quando precisassem viajar. Elas rapidamente se tornaram amigas, era uma amizade improvável, duas crianças totalmente diferentes que se davam muito bem juntas, poderia dizer que Beatriz sempre queria fazer coisas erradas para chamar a atenção porém Clarisse sempre queria fazer a coisa certa. Não diria que sempre Clarisse seguia esse lado certo, como daquela vez que as duas fugiram da escola ou quando colocaram sal no bolo de Miguel, pai de Beatriz. Bianca ficou furiosa e deixou sua filha sem celular durante um bom tempo. A julgar pelas idades das meninas que deviam ter uns dez anos esse foi um castigo bem doloroso, mas Beatriz sempre pensava em algo pior. A criança só queria um pouco de atenção de seus pais e só conseguia quando brigavam com ela.

Beatriz e Clarisse eram conhecidas como o furacão duplo, nome dado pela Virgínia, mãe de Clarisse. O tempo foi passando e elas amadurecendo, chegou uma época que brincadeirinhas não era mais adequado e Beatriz ainda sofria com a falta dos pais, mas ela simplesmente ignorava esse sentimento de solidão, era feliz e festeira pelo menos era isso que aparentava ser. Clarisse se tornou uma irmã e tudo que uma fazia a outra estava junta ou apoiando ou dando puxões de orelha, elas eram as amigas inseparáveis que acabaram se separando.

— Fala pra ela que vai ficar tudo bem e que eu fui para um lugar melhor. –e pela primeira vez em alguns minutos Clarisse sai do seu estado estagnado.

— Vai ficar tudo bem, ela foi para um lugar melhor. –os olhos de Beatriz se enche de lágrimas era realmente muito difícil não chorar com as palavras que o garoto acabou de dizer.

— Como você tem certeza? Você nem a conheceu, você nem me conhece. Eu pensei que você tinha vindo aqui só para confirmar se era verdade, então é sim verdade, Clarisse minha melhor amiga morreu ontem durante o clube de estudos que se tornou uma festa por minha causa. –ela fala e seca algumas lágrimas que rolam pelo seu rosto, sua voz tem o tom de decepção, estava decepcionada consigo mesma por deixar isso acontecer.

Estava totalmente instável, falando alto e ríspida com uma pessoa que ela só comprimentou algumas vezes, não tinha com quem chorar, seus pais estavam viajando e a babá que cuidava dela foi dispensada quando ela tinha quinze anos, segundo Miguel e Bianca ela já tinha maturidade para se cuidar sozinha, Clarisse era a única pessoa que ela podia contar e agora ela estava morta e Beatriz não podia fazer nada, se sentia culpada, se ela não tivesse transformado os estudos em festa, Clarisse não teria subido no telhado e não teria caído, era tudo sua culpa e ela estava triste e sozinha enfrentando o luto.

— Desculpa por isso. –Beatriz diz limpando o resto das lágrimas que estavam em seu rosto tentando se recompor, ela queria gritar e chorar mas não iria fazer isso na frente de uma pessoa que ela mal conhece, iria guardar para si mesma assim como sempre fez. –Eu não estou muito bem hoje, era só isso? –termina de falar e respira fundo.

— Pergunta se você pode entrar para conversar com ela. –Clarisse diz e Lucas parece que perdeu a cor.

— Você está bem? Ficou pálido. –diz Beatriz olhando para Lucas com cara de confusa.

Na cabeça de Lucas ocorria um diálogo de seus divertidamente se perguntando como iria pedir para entrar na casa dela sem parecer esquisito? Sua mente fazia tudo ter muita significância para algo tão bobo, se preocupava com todas as probabilidades mínimas.