capítulo vinte e oito

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Lucas saiu daquele hospital em lágrimas o cheiro de terra molhada da chuva que caiu a tarde ainda era forte não sabia se era pelo tempo abafado ou pela adrenalina que corria em suas veias mas estava calor e seu corpo parecia queimar, sua cabeça estava doendo tanto que parecia que estava prestes a explodir.

- Lucas. -Clarisse chamou a sua atenção. -Ta tudo bem, você estava alterado e o Miguel é bem explosivo também. -tranquilizava o garoto.

- Eu não devia ter falado assim com ele. Ele estava nervoso e eu acabei piorando tudo, eu sou um grande babaca. -passava as palmas das mãos nos olhos secando as lágrimas.

- Vamos pra casa depois disso tudo você precisa de um descanso, amanhã você vêm para ver a Beatriz.

Nem a fantasma e nem o garoto sabia da possibilidade dela não acordar mais.

- Não quero ir pra casa agora minha mãe ou o Luan podem ficar preocupados e eu não estou com cabeça pra explicar, principalmente pro Luan ele iria ficar arrasado.

- Vamos pra outro lugar então. -a fantasma pega em seu braço se agarrando a ele com um sorriso meio forçado tentando animar o clima.

Ela já estava ciente dos efeitos de suas emoções em Lucas não queria sobrecarrega-lo mais, já bastava suas próprias emoções e seus demônios internos. Tinha que ficar despreocupada e focar nas palavras daquele enfermeiro onde dizia que Beatriz estava estável.

Estar estável era bom então por que sentia a mesma sensação de antes do ocorrido. Aquele sétimo sentido fantasmagórico era como um sininho que ficava tocando sem parar momentos antes de qualquer acontecimento ruim onde a assombração precisava ficar atenta.

Caminhando em silêncio, um silêncio não constrangedor apenas tentavam se manter tranquilos, os dois queriam tirar aquela sensação ruim do corpo. Foram até o local onde a paz sempre reinava, a beira do lago.

Um cheiro forte invadiu as narinas dos dois, um aroma enfumaçado mais fraco que cigarro mesmo assim causava um certo desconforto no nariz. O local onde sempre ficavam sentados sobre a grama já estava ocupado por um outro alguém.

Sua coluna estava curvada sobre os joelhos e ele observava o lago parecendo viajar em seu próprio mundo e em sua mão estava a origem daquele cheiro.

- Quem é? -pergunta Clarisse curiosa pra saber quem estava em seu lugar. Não há dono em patrimônio público mas aquele local estava marcado como porto seguro dos dois mesmo que outras pessoas não soubessem disso.

- Não sei. -Lucas diz baixinho sem querer chamar a atenção do jovem.

Quando estava se virando para sair escorrega em um pouco de lama, um presente que a chuva havia deixado. Caindo de bunda no chão agora sua presença alí era evidente.

"Ai isso doeu muito. "

- Olá... -o jovem se levanta e vai ate o corpo de Lucas que estava jogado no chão logo estende a mão para erguer o adolescente. -Lucas? -os dois foram bem surpreendidos.

- É o Gabriel, ele fazia aula de artes com a gente. Lembra? -a fantasma apresentava o adolescente.

- Você tá bem? -Gabriel perguntou após Lucas estar de pé.

- Tô sim. Obrigado. -ele estava se virando para ir pra outro local.

- Pode ficar aqui eu vou parar de fumar. -Gabriel parecia querer a presença de seu antigo amigo alí.

Lucas não poderia recusar já que não conseguiria dizer não sem parecer grosso mas sua vontade era de ficar sozinho, sozinho contando somente com a presença da assombração.

Separados Pelo Acaso Unidos Pelo DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora