Era mais um dia comum na vida de Lucas, apesar de parecer um adolescente isolado, sem amigos e com um grau de antisocial normal, a cabeça daquele garoto não parava se quer um minuto, toda hora a todo minuto sua cabeça estava girando pensando nas possíveis tragédias que poderiam ocorrer se ele levantasse da cama ou se torturando pelas coisas que ocorreram no passado.
Mesmo com os remédios diários para a ansiedade os efeitos dessa maldita doença não sumiam totalmente.Ao levantar da cama e pisar naquele chão gelado fez ó despertar, ele olha para o relógio e se questiona do por quê ele ainda está nessa realidade, ele só queria se afundar na cama e ficar lá para sempre.
— Bom dia, mamãe está no sofá de novo. –disse Luan, seu irmão mais novo na entrada do quarto.
Lucas bufa pois sabe o que isso quer dizer.
— Ta bem, já está pronto? –pergunta ao menino que ainda está na porta, ele acena com a cabeça com sinal positivo. –Daqui a pouco a gente sai, coma qualquer coisa que você achar para não ir de barriga fazia para a escola, não vai dar tempo de fazer o café. –o menino virou as costas e foi seguir o pedido do irmão.
Lucas toma seus remédios a seco e se apronta para a escola, agora ele tem certeza que o terceiro ano do ensino médio pela segunda vez não fica mais fácil, ele era repetente, ano passado foi turbulento de mais para a cabeça dele, foi um dos piores anos e foi o ano em que ele cortou de vez todos os laços que tinha.
Ele vai até a sala e vê Luan assistindo desenho sentado na poltrona comendo cereal enquanto sua mãe está jogada no sofá com duas garrafas de whisky vazias no tapete da sala, essa cena era bem comum toda segunda pois ela ficava de folga de sábado a noite até terça de manhã, então ela aproveitava para beber muito mais que os outros dias da semana.
— Mãe! –Lucas a chama balançando-a de leve, ela abre o olho por dois segundos e os aperta de novo, está muito claro para alguém que encheu a cara na madrugada anterior. –Estamos indo, beijo, vou pegar o carro. –avisa e se despede, apesar que ela nem vai lembrar disso depois o garoto insiste em avisá-la sempre.
-~-
— Se sair mais cedo por algum motivo não ligue lá para casa liga diretamente para meu celular. –o mais velho avisa por precaução, já que isso havia acorrido e Luan ficou três horas a mais depois do horário encerrado das aulas esperando sua mãe que acabou esquecendo de buscá-lo por causa da dor de cabeça da ressaca. –Assim que a minha aula acabar eu venho te buscar. –fala parando o carro na frente da escola de seu irmão.
— Ta bom, tchau. –diz Luan ao sair do carro.
Os dois eram bem conectados, Lucas sempre cuidou de seu irmão na ausência da mãe que era muito comum ou era a bebida ou o trabalho que a deixava ausente na maior parte do tempo, ela trabalha como garçonete em uma lanchonete bem famosinha na cidade, desde que o pai deles ó abandonaram a quase quatro anos.
Lucas chega na escola e suas primeiras aulas são física e biologia para começar a semana mal. Tudo ocorre normalmente, por que sua vida era sempre uma rotina e isso o deixava mais tranquilo, sabendo o que iria acontecer abaixava a provabilidade de sair algo errado.
Intervalo chegou e mais um intervalo sozinho, ele tinha problema em confiar nas pessoas por isso não conseguia formar laços em uma amizade, sua insegurança não o ajudava também.
Ele come uma maçã para não ficar até a hora do almoço em jejum, já que ele não havia tomado café mais cedo.
O sinal indica fim do intervalo, ou seja aula de artes agora, Lucas queria fazer faculdade de artes mas como ele morava em uma cidade do interior sem opções de faculdades boas, ele não se mudaria para longe da família, acredita que não teria chance nenhuma de seguir esse ramo.
— Como andam meus minis artistas? –chegou professor Carlos falando como se seus alunos fossem crianças de dois anos, isso não incomodava eles. Carlos era o professor mais legal daquela escola. –Galera fim de semestre então o desenho será uma pintura estilo impressionismo, quero emoções nos quadros e cores, sejam elas cores alegres ou tristes.
Ele estava acostumado a trabalhar com veteranos pois trabalhou em umas das maiores universidade de artes, mas voltou para sua cidade natal para ajudar aqueles que assim como ele querem sair da cidade e vivenciar o mundo da arte lá fora.
— Desculpa, desculpa, desculpa... –diz Clarisse ao entrar na sala atrasada novamente, ela quase sempre se atrasava.
Clarisse era popular na escola, talvez seja sua beleza ou talvez sua empatia e sua personalidade que fazia todos invejarem e gostar dela.
— Novamente atrasada senhorita! –afirma o professor. –Sente e comece, pintura com emoção, adapte o impressionismo. –Clarisse faz o que o professor manda e começa sua pintura.
O final da aula chegou, duas aulas seguidas de artes passam como se fossem dez minutos de física. Os alunos se levantam e saem da sala para seguir pra próxima aula.
Lucas e Clarisse ainda não finalizaram sua arte e ficam na sala para terminarem rapidamente seus trabalhos.
— Andem vocês dois, a próxima classe está chegando. –diz o professor.
— Já terminei. –diz Clarisse ao se levantar.
— Pronto. –Lucas anuncia.
— Meus dois melhores alunos, nunca me decepcionam. –Carlos fala em um tom risonho.
— Puxa saco. –diz Clarisse brincando e Lucas ri
Os dois saem da sala juntos então Clarisse como uma boa falante que nunca se cansa de falar, inicia um diálogo.
— Qual a sua próxima aula? –tentando puxar assunto.
— Português. –diz Lucas, surpreso com a suposta conversa que poderia ocorrer. –E a sua?
— Filosofia. –diz ela.
— Vish, que péssimo, é uma matéria muito ruim. –Lucas fala.
— Eu gosto. –afirma a garota.
Para ele a conversa acabou alí, novamente ele estragou tudo com sua opinião. Pensamento como: "você ofendeu ela" ou como "ela estava tentando ser sua amiga e você diz uma coisa assim" invadiram sua mente.
— A desculpa, eu não... –Lucas fala com receio na voz por culpa da suposta ofensa.
— Ei, eu estou brincando. Relaxa. Ninguém suporta o Flávio falando de pensadores mesmo. –Clarisse solta uma risadinha e toca no ombro do adolescente. –A gente se vê essa é a minha sala. –aponta pra porta ao lado direito.
A mente de Lucas suaviza um pouco.
-~-
Final de aula e Lucas precisa sair rápido para seu irmão não ficar mofando na porta da escola, atravessando o corredor para a porta de saída, Lucas escuta alguém ó chamando, ele olha para trás e surpreendentemente é a Clarisse.
— Lucas eu estou planejando um clube de estudo para as provas desse semestre na minha casa, aparece lá amanhã às cinco. Te ajudo em filosofia. –diz a garota que sempre fala as coisas com animação.
— Vou tentar ir. –ele sorri sem jeito.
— Tá, te espero lá. –ela diz e vira as costas e ele segue seu caminho.
— Por que chamou ele? –pergunta Beatriz, a amiga mais antiga e próxima de Clarisse.
— Ele parece ser legal. –Beatriz levanta as sombrancelhas, algo ali estava suspeito. –Só estou tentando fazer amizade. –se defende.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Separados Pelo Acaso Unidos Pelo Destino
Teen Fiction"Uma alma de um garoto vivo que tinha necessidade de oxigênio e uma alma de uma garota morta que era o oxigênio." Problemas com o pai na infância e desde sempre com uma responsabilidade enorme em suas costas, essa é a vida de Lucas, adolescente de d...