capítulo quinze

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Sentir vontade de correr para longe era natural, querer sumir era rotineiro, querer que toda a dor e arrependimento fosse embora já era de se esperar. Quando olhava para seu interior via um vazio, um vazio que não podia ser ocupado ou simplesmente ignorado. Sorrisos falsos tinham sentido agora, se falasse que não estava bem teria que explicar e isso seria mais doloroso, não que alguém iria se importar a garota se sentia totalmente sozinha e abandonada. Chorando de joelhos em seu quarto após ingerir aquele comprimido que tinha sabor tão errado, implorando para um Deus que ela nem acreditava pedindo para arrancar dela essa dor e perdoar-lá por ser tão fraca. Ela não esperava nada apenas queria que algo magicamente acontecesse, não se sentia digna na misericórdia ou benção de alguém ela havia desistido de lutar por si, precisava de apoio mas não tinha ninguém para lhe oferecer um ombro. Beatriz não queria envolver mais ninguém em seu desastre.

A última coisa que falou com Clarisse havia deixado a brava, mas como saberia o que foi? Estava levemente alcoolizada e a única coisa que se lembrava com clareza era as coisas que queria esquecer, a grama da frente vermelha, as lágrimas e o saco preto com a inundação de perguntas tanto dos pais de Clarisse quanto das pessoas que tentavam saber do por que ela estava sendo levada dentro de um saco. Era muita coisa para processar em tão pouco tempo. Uma hora estava escutando os gritos de reclamações sobre ter responsabilidade para estudar e em outra hora estava escutando os gritos de dor de alguém que acabou de perder a filha. Seu cérebro queria explodir e seu corpo desaparecer, um futuro que seria brilhante foi manchado por um tom avermelhado com cheiro de grama pré cortada e gosto de whisky misturada com suco de uva. 

O comprimido não era tão forte quanto o último, agia mais devagar e dava mais sobriedade para o usuário, a onda de serotonina era mais fraca porém permanecia sendo aliviadora.

Se ela não fosse tão irresponsável talvez nem precisaria de drogas para preencher o vazio, quem precisaria de serotonina quando se tinha a felicidade em pessoa ao seu lado?

Pedir desculpas para um corpo sem ter a certeza de que irá ouviu era ruim, mesmo assim quando Clarisse estava sendo velada ela pediu o perdão da amiga mas a única resposta que obteve foi um silêncio que não conseguiu decifrar, a garota nunca iria se perdoar por deixar sua melhor amiga sumir da terra dessa maneira.

O arrependimento de ter vivido os últimos momentos de Clarisse com uma briga iria atormenta-lá para todo o sempre.

Separados Pelo Acaso Unidos Pelo DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora