capítulo dez

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Animado Lucas se levantou com o toque do despertador, aquele maldito despertador costumava ser barulhento mas agora era como se fosse um sinal de partida para um dia melhor.

— Bom dia! –disse Lucas ao pegar o pagode de rosquinhas de côco.

— Bom dia filho. –a mulher bebia em uma caneca de porcelana branca.

Óbvio que a caneca não estava com café e isso era evidente para qualquer um. Ela aproveitava cada segundo de seu dia de folga para sentir o álcool descer na garganta, sempre começava com vinho e terminava com grandes doses de whisky as vezes nem se dava ao trabalho de sujar copos, bebia diretamente da garrafa.

— Sua mãe já acorda animada. –disse Clarisse espantada com a mulher que se embebedava logo cedo.

— Já está bebendo mãe?! –observa a caneca na mão da mulher. –Você sabe que isso não faz bem, não aja como uma adolescente de quinze anos que começou a beber escondido dos pais. –Lucas sempre tentava fazer ela parar de beber pelo menos nos fins de semana, ele já tentou esconder todo tipo de bebida que a mãe levava para casa mas a mulher sempre comprava mais e ingeria logo em seguida sem nem dar chance de Lucas esconder ou jogar no vaso sanitário.

— Preciso disso para manter minha sanidade, está tudo bem, não irei passar do limite hoje. –a mulher olha seu primogênito nós olhos. –Prometo. –ela deixa a cozinha indo para sala assitir o jornal matinal.

— Ela sempre é assim? –pergunta Clarisse ao se encostar na pia da cozinha observando o garoto tomar seu café preto.

— Distante, bêbada e triste? Sim. –caminha até a pia dando o último gole em seu café.

Aquela realidade era totalmente diferente da realidade que Clarisse estava acostumada, a garota quando viva sempre tomava café com os pais e mesmo que eles trabalhassem muito sempre tinham tempo para a única filha que tinham, Clarisse já quis ter um irmão mais novo assim como toda criança, ela até escrever uma carta ao papai Noel pedindo um irmãozinho, logo após conhecer Beatriz sentiu que seu pedido havia se realidade.

— Sinto muito. –a assombração diz se afastando da pia dando passagem para o garoto lavar o copo.

— Por que pediu desculpas? –o garoto a olha confuso. –Você não tem culpa de nada.

"Então por que eu sinto isso?"

Clarisse tem um sentimento de culpa em seu peito, era como se a desunião da família fosse consequências de algo que ela fez.

Foi aí que Clarisse notou os olhos cabisbaixo de Lucas, falar sobre família não era fácil para o garoto. Seria possível os dois sentirem a mesma coisa? Será que era esse sentimento de culpa que Lucas carregava em seu peito?

— Ei... –Lucas copiava o movimento que a garota sempre fazia com as mãos, balançando as na frente de seu rosto tirando ela das teorias loucas que havia criado. –Foi para sete-além? –a assombração riu, o humor do garoto geralmente era dócil mas algum tempo com Clarisse fez ele ficar agridoce.

— Engraçadinho. –debochava.

O sol estava começando a aparecer visto que o sereno havia acabado, seria um lindo dia. A cidade como sempre não tinha nada de mais acontecendo a não ser por crianças que brincavam na rua aproveitando o fim de semana tranquilo.

                                       -~-

Beatriz escutava o som do alarme penetrar em seus tímpanos como agulhas. A garota com olheiras profundas se levanta e fica encarando seu chinelo rosa por alguns minutos viajando em seus pensamentos até sua mãe entrar no quarto falando um bom dia escandalosamente.

Separados Pelo Acaso Unidos Pelo DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora