capítulo oito

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Quando abre um pouco seus olhos percebe que ainda não amanheceu, ela liga o celular e quase fica cega com o clarão mas sua visão fica melhor depois de alguns segundos encarando o aparelho, quatro e trinta e sete da manhã. Beatriz vira de lado e tenta pegar no sono novamente, antes ela tinha um sono pesado e nem um terremoto poderia acorda-la mas agora ela sonhava com Clarisse e sempre despertava suada e desesperada. A tentativa da garota de voltar a dormir é falha parecia que toda a vez que fechava os olhos ela via a grama vermelha.
Ela se levanta e vai ao banheiro percebe o sereno lá fora ao olhar o vitro, a água gelada toca seu rosto fazendo-a arrepiar, a garota encara seu reflexo e sua mente se esvazia por um breve momento. Beatriz começa a escutar barulhos vindo da sala, barulhos de chaves e pessoas sussurrando, logo pensa em ir ver o que causa o barulho e assim faz, ela vai até o cômodo nas pontas dos pés tentando fazer o mínimo de barulho possível.

— Ai, você me assustou filha. –disse a mulher com cabelos curtos e loiros.

— Vocês que chegam de madrugada como se fossem dois assaltantes e sou eu quem assusto vocês? –Beatriz diz se aproximando do casal, a mulher logo a abraça com força. –Achei que chegariam semana que vêm. –disse se soltando da mulher e abraçando o moreno.

— Íamos, viemos mais cedo para o enterro. –Miguel responde.

Beatriz queria tanto esquecer da morte de Clarisse que acabou se esquecendo que ela seria enterrada hoje mais tarde, apesar das circunstâncias Beatriz estava feliz ao ver os pais depois de quase um mês, era bom saber que eles vieram isso significava que o laço materno ainda estava vivo.

— Estávamos com muita saudade. –ele disse se sentando no sofá.

— Sentimos muito, sabemos como Clarisse era importante para você, ela era como nossa segunda filha. –Bianca coloca as mãos nos ombros de sua filha e ela abaixa um pouco a cabeça, ela não quer falar sobre isso, não com eles.

Ela amava muito seus pais sem dúvidas porém eles não eram muito conectados, nunca se importaram com os sentimentos da filha, se importassem mesmo não teriam deixado ela sozinha. Para Beatriz era muito difícil falar dos sentimentos e era mais difícil ainda falar de sentimentos com eles.

— Vamos nós deitar um pouco, a viagem foi longa. –disse Miguel se levantando e dando um beijo na testa da filha. —Se precisar conversar estamos aqui.

Miguel sempre foi sério e muito responsável com a educação da primogênita por isso Beatriz sempre teve uma das melhores notas na escola mesmo assim ele sempre colocava muita pressão na garota, não é como se ela fosse incapaz de cumprir com as expectativas, mas Miguel foi educado na base da humilhação, nunca escutou seu pai dizer que estava orgulhoso, mesmo expandindo a empresa imobiliária e aumentando os lucros.

"Uma nota boa é fácil, quero vê quando estiver com a empresa nas mãos"

Ele acreditava que educando sua filha da mesma forma ela seria tão bem sucedida quanto ele, mal sabia que isso só afastaria Beatriz deles.

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— Sério? Como você pode não gostar disso. –Clarisse disse indignada.

— Tem gosto de plástico. –Lucas diz com o celular no ouvido, provando um bolo que vendia na lanchonete da escola, Clarisse era viciada nesse bolo e sempre comprava para dividir com Beatriz mas o bolo não agradava o paladar do garoto.

— Quem come plástico não tem opinião. –diz seria, ele solta gargalhadas.

— Hoje será o enterro dela. –Lucas escuta uma das pessoas a sua volta dizer e logo deduz que hoje seria o enterro de Clarisse já que as meninas que comentavam sobre o assunto eram colegas da assombração.

Separados Pelo Acaso Unidos Pelo DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora