Capítulo 5

90 6 3
                                    

(Diana Guerra)

- Conseguiu arrumar tudo hoje? - O Desconhecido falou depois de um tempo parado no meio da sala. - Meus parabéns!

- Como eu disse, não precisava da sua ajuda. - falei passando por ele e indo em direção ao meu quarto.

- Onde está indo?

- O chuveiro fica no banheiro do quarto, que é por aqui. - falei obvio.

- Qual o problema exatamente?

- Bom como eu disse, estava tomando banho e do nada a água...

- Ficou quente de mais. - interrompeu.

- Exatamente.

- Eu vou resolver isso para você. Só preciso ajustar o esquentador e pronto. Aconteceu o mesmo comigo um tempo atrás. 

- Ótimo. - sorri de verdade. - O que eu tenho que fazer?

Ele olhou para mim cima a baixo constrangido. Coçou a parte de trás da cabeça e desviou o olhar parecendo envergonhado.

- Você pode ir colocar algumas roupas. Eu cuido de tudo.

Nem um segundo depois, saí correndo para o quarto. Deitei a mala, porque ainda não tive tempo de guardar minhas coisas, tirei uma camiseta qualquer e um baby doll, vesti e voltei para sala.

Cadê ele?

Tive vontade de chamar, mas nem sabia seu nome. E pegava mal chamar ele de "Desconhecido", já que achei mais prático chamá-lo assim.

- Já voltou? - perguntou aparecendo de novo na sala, do nada e brotado de Nárnia.

- Onde você estava?

- Seu problema está resolvido. E não se preocupe não deve acontecer de novo. - respondeu a pergunta que ninguém fez. - E de nada.

- Se der problema, eu chamo você de novo.

- A qualquer hora e a qualquer momento.

Aposto que nunca ninguém disse isso, mas o sorriso dele é como um bocejo. Muito contagiante.

- Você não trabalha? Devia ir dormir, é tarde.

Ele baixou os braços derrotado.

- O que eu tenho que fazer para impressionar você?

Tive vontade de dizer "desaparecer". Mas eu estou tentando ser uma pessoa melhor.

- Eu agradeço sua ajuda, vizinho. Já sei a quem chamar se tiver problema com a água, mas você pode dormir agora.

- Vai ficar bem? - assenti com a cabeça e fui empurrando ele gentilmente até a saída. - Tem certeza?

- Uhum. Até mais. - fui fechando a porta devagar, mas antes que conseguisse, colocou seu pé impedindo que fechasse e olhou para mim através do espaço aberto que restava.

- Pelo menos me diz seu nome.

Achei meio encantador a sua insistência. Eu estou sendo o mais insuportável possível, e mesmo assim ele continua irritantemente simpático. E devo admitir que ele não parece ser propriamente a pior pessoa do mundo. 

- Diana. - Nossos olhares se cruzaram e ele magnetizou aquele estranho sorriso em mim de novo, e talvez eu tenha me assustado. Quando dei por mim, já tinha fechado a porta na cara dele. Quis voltar e pedir desculpas, mas não tive forças para o fazer.

<3 ...<3

Acordei estupidamente cedo. Mas me senti muito bem hoje, deve ser por ter sido a única noite na minha vida que consegui dormir de verdade.

Diana Guerra [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora